Tudo indica que a ficha de Jair Bolsonaro começou a cair em relação à formação de maiorias no Congresso. Por si só, a decisão de se encontrar com quatro bancadas de partidos da Câmara esta semana – PSDB, MDB, PR e PRB – mostra preocupação e uma inflexão na anunciada estratégia de negociar tudo com as bancadas temáticas. No mínimo, Bolsonaro percebeu que, para o bem e para o mal, não dá para ignorar os partidos.
A dúvida agora é se, com o ministério praticamente nomeado à revelia de indicações partidárias, essa negociação coletiva com as bancadas, às baciadas, poderá dar certo. Os deputados podem até ficar satisfeitos com a deferência da conversa, mas o agrado mesmo, sob a forma de emendas e indicações para cargos, dificilmente será negociado nesses encontros.
Esse tipo de conversa ocorre entre quatro paredes, com poucos interlocutores. Mas, ao que tudo indica, Bolsonaro continua ignorando líderes e dirigentes partidários – talvez porque, com razão, desconfie que, em qualquer conversa com eles, virão zilhões de pedidos.
Por outro lado, o presidente eleito sabe, com seus 28 anos de Casa, que não haverá outro jeito de manter um mínimo de controle e formar uma maioria básica na Câmara sem capitular aos velhos hábitos. Como fazer isso sem perder o discurso de acabar com o toma-lá-dá-cá e incorrer no estelionato eleitoral que está todo mundo esperando é que são elas. É por isso que a semana é decisiva para a governabilidade de Bolsonaro.