Jair Bolsonaro quebrou o gelo e marcou conversas para essa quarta-feira (14), com Rodrigo Maia e Eunício Oliveira, presidentes da Câmara e do Senado. Vai dizer que pretende manter boas relações com o Congresso e não vai se meter nas disputas pelos comandos da Câmara e do Senado. Quer deixar claro também que não entrará no balcão em que, há décadas, se compra e se vende apoio parlamentar.
De acordo com auxiliares de Bolsonaro, é um chega para lá para alguns presidentes de partidos que se acostumaram a ser tratados como vice-reis na corte brasiliense. Até agora eles faziam a intermediação das nomeações de ministros e de apadrinhados políticos para outros cobiçados postos na máquina pública, e controlavam a distribuição do caixa do fundo partidário, principal fonte de financiamento da recente campanha eleitoral.
Os maiores especialistas nesse tradicional toma lá, dá cá, comandam partidos do Centrão, e foram protagonistas no escândalo do Mensalão e na Operação Lava Jato. Um deles, o senador Ciro Nogueira, presidente do PP, sugou tudo o que pôde em ministérios e empresas estatais até os estertores da gestão Dilma Rousseff. Enquanto no Palácio da Alvorada seus votos eram contados como pró-Dilma, Ciro e seu PP negociavam com a turma de Michel Temer a manutenção e até a ampliação de todo esse feudo no governo para, na undécima hora, aderir ao impeachment.
Em bailado semelhante, Ciro Nogueira alimentou a expectativa de Ciro Gomes engordar seu tempo na propaganda de tevê com o apoio do PP. Em julho, cedeu o tempo para Geraldo Alckmin, mas fez campanha para Fernando Haddad no Piauí. Depois de reeleito senador, ele desembarcou em Brasília convencido de que logo receberia um convite de Bolsonaro para acertar o apoio de seu partido ao novo governo. Até agora foi simplesmente ignorado. Dizem que ele anda meio aflito.
É a mesma situação de Valdemar Costa Neto, que é mais do que presidente de fato do PR. É uma espécie de dono do partido. A exemplo de Ciro Nogueira, ele enrolou o quanto pôde Jair Bolsonaro, que precisava da aliança para ter um mínimo de tempo na propaganda eleitoral e emplacar Magno Malta como vice. Valdemar esticou a corda enquanto fazia leilão com outros presidenciáveis. Bolsonaro diz que desistiu de vez da coligação quando Valdemar, com a postura desabrida de sempre, explicitou o preço do apoio.
Valdemar também está na lista da turma que Bolsonaro não quer nem ouvir falar. Até porque deputados e senadores do PP e do PR têm outros canais para se entenderem com Bolsonaro. As ações de Ciro Nogueira e de Valdemar Costa Neto, entre outros craques do fisiologismo político, estão em baixa em Brasília.
A conferir.