Acendeu a luz amarela no Planalto de Michel Temer. O presidente interino e seu entorno sabem que será crucial para sua sobrevivência ganhar a semana que entra. Vão tentar fazer de tudo para que ela não termine como a última, quando a vitória na aprovação da nova meta fiscal foi atropelada pelas gravações do homem-bomba Sérgio Machado. Com isso, o clima de instabilidade que pensavam ter dissipado com o impeachment voltou a reinar.
A apreensão dos neogovernistas é grande. Ou o governo Temer dá sinal de que tem o controle da situação e condições de governabilidade para executar seu ajuste fiscal, ou as coisas podem ir para o vinagre.
Michel Temer e os seus sabem que não há como conter nem controlar os vazamentos da Lava Jato. Na sexta, o nome do presidente interino apareceu mencionado na conversa de Machado com o ex-presidente Sarney, ainda que sem maiores elementos. As gravações já custaram a cabeça de Romero Jucá e podem cortar as de outros integrantes do PMDB e do governo, pois a única certeza hoje em Brasília é de que ainda vai aparecer muita coisa.
No quesito Lava Jato, portanto, a única alternativa do governo é rezar para que os vazamentos dos próximos dias não atinjam em cheio personagens ligados a Temer. E torcer para que o estrago da semana passada não tenha alterado o humor do Senado de Renan Calheiros, de quem depende a pauta do Congresso e a votação final do impeachment.
Paralelamente, enquanto faz suas orações, o governo interino trabalha desesperadamente para apresentar nesta semana alguns sinais externos de estabilidade. Na agenda, a posse de Pedro Parente na Petrobras, a sabatina de Ilan Goldfajn no Senado e a votação da DRU na comissão especial. Em situação tão delicada, esses eventos ganharam sabor de teste de governabilidade para Temer.