O vendaval do primeiro turno das eleições também soprou forte no segundo turno. Supostas viradas da direção não passaram de miragens. Em suas variadas faces, a direita confirmou nas urnas a vitória política que havia conseguido ao se firmar como contraponto ao protagonismo de Lula em escândalos de corrupção e a desastrosa gestão de Dilma Rousseff.
Além da expressiva vitória de Jair Bolsonaro com quase 11 milhões de votos de frente, os resultados nesse turno final espalharam vitórias de candidatos com bandeiras mais conservadoras país afora. O PT ficou ainda mais isolado no Nordeste, perdeu o pé que nem tinha no Sudeste e se afastou ainda mais do Sul.
O PSDB ganhou e perdeu nessas eleições. Seus caciques tradicionais tomaram uma sova. Geraldo Alckmin, Beto Richa, Aécio Neves, Marconi Perillo, Simão Jatene tiveram um desempenho pífio nas eleições. Mas manteve o governo de São Paulo, Mato Grosso do Sul e ganhou o do Rio Grande do Sul. João Doria e Eduardo Leite pedem passagem para assumir o comando do ninho com um nítido viés mais à direita, pelo menos no primeiro momento vão apoiar a gestão de Bolsonaro.
Essa opção dos tucanos vitoriosos será um dos ingredientes para a rearrumação das forças de esquerda e de centro-esquerda. Haverá aí um freio de arrumação. Já há uma articulação em curso entre a Rede, o PPS e o PV que, se reforçada pela banda mais à esquerda do PSDB, pode virar uma alternativa no jogo político.
Quem largou na frente foi Ciro Gomes ao se propor a construir um caminho sem a hegemonia do PT. No meio desse tiroteio, Fernando Haddad, meio rifado no próprio PT, no discurso em que reconheceu a derrota, parafraseou a letra do Hino Nacional dizendo que o “professor não foge à luta”. Ele quer disputar com Ciro a liderança nas esquerdas. O problema vai ser o apoio do PT. Mesmo na cadeia, Lula mantém o controle absoluto da máquina do partido e não abre mão de mandar no seu terreiro.
O que as esquerdas têm que entender é que o eleitor os mandou refazer o dever de casa. Se ficarem batendo na tecla de que o impeachment de Dilma, a prisão de Lula e de uma penca de caciques do partido, e as derrotas eleitorais são etapas de um movimento golpista correm o risco de cada vez falarem mais sozinhas. Essa narrativa perdeu em 2016 e de novo agora. Ou mudam ou vão enfrentar concorrência não apenas no próprio campo.
As forças de direita que ascenderam ao Palácio do Planalto e aos governos estaduais apostam em boas gestões para reduzir ainda mais a força do PT e seus aliados. O que conseguiram agora no Sul e no Sudeste esperam estender também para o Nordeste.
Quer dizer, com tantos erros, o PT pode correr risco de perder seus últimos bastiões.
A conferir.