Faz tempo que o uso ilegal das redes sociais para desconstruir adversários é parte do jogo sujo eleitoral. Nas campanhas presidenciais é mais visível, mas tem sido arma de combate também nas disputas regionais. De um jeito ou de outro, a multidão sempre ligada em alguma rede social vem recebendo uma montanha de mensagens com verdades e inverdades sobre os candidatos.
Em meio a uma avalanche de coisas toscas, algumas mais sofisticadas chegam a convencer até quem se diz vacinado contra isso. Em um almoço nessa sexta-feira (19), num grupo de formadores de opinião, de repente surgiu uma polêmica sobre um post, rico em detalhes e registros médicos, de que Bolsonaro estaria escondendo um câncer. Uma fake news que alimentou o temor de que, mesmo com a vitória do capitão, o general Hamilton Mourão possa vir a assumir o poder.
Outros posts sobre Fernando Haddad, Ciro Gomes, Geraldo Alckmin, Marina Silva, lançados ao ar por interesses variados, confundiram quem os leram desde o primeiro turno presidencial.
A exemplo do que havia feito o Facebook com páginas a serviço de várias campanhas, o WathsApp desativou agora milhares de contas, entre elas as que estariam contratadas por um grupo de empresas para disparar mensagens contra o PT e Haddad, que também serão investigadas pela Justiça Eleitoral. Em meio às contas desativadas durante a campanha eleitoral outras serviram ao PT e a seus candidatos, com o a Dilmazapp que teria trabalhado na fracassada campanha ao Senado da ex-presidente da República.
O pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, repassado pelo ministro Raul Jungmann à Polícia Federal, é para se passar um pente fino no uso ilegal das redes sociais pelas campanhas presidenciais. Outras investigações em curso, inclusive algumas sobre a campanha eleitoral de 2014 também serão incorporadas.
É uma boa providência. Assim como o Caixa 2 havia virado uma prática rotineira nas eleições sob a alegação de que todos faziam, a manipulação das redes sociais, mesmo com todos os alertas do Tribunal Superior Eleitoral, estava passando batido pelo mesmo argumento: se uns usam, outros se sentem livres para usar.
Pelo que me disseram, a PF vai fundo nessa história.
A conferir.