Parte do establishment e da imprensa não comprou a história do WhatsAppgate e age como se fosse mais uma denúncia comum de uma campanha comum sobre as mesmas coisas comuns que o PT sempre fez na Internet. Só que não é. Antes mesmo da denúncia da Folha de S.Paulo, quem frequenta minimamente as redes vinha recebendo sinais de que algo muito forte se passava em seus subterrâneos. Mas parece haver, inclusive na maioria do eleitorado, um sentimento de que Jair Bolsonaro já ganhou e que nada que aconteça a esta altura vai mudar isso. É como se estivesse todo mundo já cansado de campanha e eleição, torcendo para o domingo 28 vir e acabar logo com isso.
As pesquisas, que petrificaram o quadro de vitória de Bolsonaro por larga vantagem sobre Haddad, confirmam essa percepção. E é mesmo praticamente impossível que o candidato do PT venha a virar mais de dois milhões de votos em oito dias. Nem por isso é o caso de se varrer para baixo do tapete este que pode ser o maior escândalo eleitoral da história do país.
Não é café pequeno, e todo mundo com um mínimo de discernimento sabe disso. Ainda não está clara a amplitude do esquema, e até mesmo o diretor do Datafolha, Mauro Paulino, com todos os cuidados que deve ter, admitiu que a “onda” que levou Bolsonaro e alguns candidatos nanicos a governador aos primeiros lugares na eleição pode ter sido influenciada por isso.
Só que o WhatsAppgate, em vez de mais um escândalo a ser investigado, está sendo interpretado como apenas mais uma jogada do PT para ganhar no tapetão. O PT não vai ganhar no tapetão, até porque não há mais nem tempo para isso. Mas a investigação do esquema vai bem além disso, por comprometer a lisura de todo o sistema eleitoral.
A imprensa internacional está abrindo manchetes. Se não houver uma investigação séria e isenta, vamos caminhar para consolidar aquela imagem de república bananeira, recuperada nos últimos tempos. Está nas mãos do TSE.