PT, PSDB & MDB devem continuar sendo os partidos mais influentes no Congresso Nacional a partir da legislatura de 2019. Por seu turno, os partidos do centro político (PP, PSD, PR, PRB) preservarão, juntos, seu poder de barganha.
Ou seja, o próximo presidente da República, seja Fernando Haddad (PT), seja Jair Bolsonaro (PSL), ou outro qualquer, dependerá das siglas que mandam no Parlamento desde os tempos de Lula como mandatário da Nação – com algumas trocas de letras das siglas. As estimativas são da consultoria Arko Advice.
De acordo com um de seus últimos boletins, “a correlação de forças entre [as legendas] ficará semelhante à atual”. No caso do Senado, uma particularidade: a tendência é de aumento de legendas, o que tornará mais custosa a já onerosa a negociação Planalto x Congresso.
Base aliada
A Arko Advice também estimou a possível base aliada de eventuais governos de Haddad ou Bolsonaro. O capitão da reserva teria uma base entre 230 e 295 deputados. No Senado, entre 18 e 42 parlamentares.
Na hipótese do representante de Lula levar o PT novamente à Presidência da República, ele poderá ter o apoio de 295 a 365 deputados federais e de 29 a 54 senadores. Como se vê, situação bem mais confortável que a do adversário outsider.
Confirmadas estas tendências, Bolsonaro teria dificuldade até mesmo para aprovar projetos de lei. Enquanto isto, Haddad poderia cogitar a aprovação de emendas à Constituição, imperativo de todos os presidentes em começo de mandato.
Basta lembrar que a Constituição de 1988 já foi reformada 99 vezes. Hoje, para alterá-la, é necessário o apoio de, pelo menos, 308 deputados e 49 senadores.
Modus operandi
Contra si, Bolsonaro teria a chamada esquerda, que costuma ser mais eficiente como oposição. Além disso, a conhecida truculência do capitão do Exército em nada deverá ajudá-lo no comando do País – pelo menos, se pretender governar numa democracia.
“Enfim, tendo em vista estas projeções,
o PT de Lula terá vida mais tranquila
com o Parlamento brasileiro
do que o militar aposentado.”
Já o PT, além de provavelmente enfrentar uma oposição menos numerosa, terá em seu favor a habilidade política incomparável de Lula como negociador. Afinal, pouca gente apostaria que, com Haddad presidente e o juiz Dias Toffoli no comando do STF, Lula permaneceria preso por muito tempo.
Afora isto, PSDB e DEM, adversários do PT, não têm a mesma habilidade oposicionista. Por fim, a menos que mude completamente seu modus operandi, o PT sabe cooptar aliados para defender seus interesses.
Tendo em vista estas projeções, o PT de Lula terá vida mais tranquila com o Parlamento brasileiro do que o militar aposentado. E, sabe-se, sem Congresso Nacional ninguém governa o Brasil. Para o bem e para o mal.