Fernando Haddad hoje é o candidato que representaria a esquerda no segundo turno. Conseguiu driblar os seus três maiores entraves para saltar a primeira etapa e, em seguida, ter condições de angariar 50%+1 dos votos: convencer a sociedade de que governar por procuração seria uma boa ideia, que indultar Lula deveria ser a prioridade e a sua condição de duplo réu.
O jurista, filósofo, economista e guitarrista precisou da força do ex-presidente Lula para passar de fase, mas para zerar o jogo será por encarnar o #EleNão. E a isto terá que garantir como sustentação. Haddad, portanto, não vai “derrotar o golpe”, vai governar. Em outras palavras, reformar as reformas de Temer e promover as suas. Do seu jeito, com inegável eficiência técnica e pitadas de sofisticação política.
A aliança que deve articular será entre os mais pobres e menos escolarizados com o mercado. Engana -se redondamente quem pensa que “a Bolsa” é unânime por Bolsonaro. Muito por quase o contrário. O que está em curso neste instante é o início dos entendimentos de futuro com o PT que o ex-prefeito representa. E ele representa um PT, que é o do governo Lula 01 na economia e nos insights em política social, combinado com entusiasmo criativo do ativismo social.
Um PT que mais parece o Partido Democrata americano e a sua revolução colorida do que a “espada de Bolívar”. Quem sabe o Brasil seja o laboratório do avesso de Trump, quando muitos esperavam que fosse uma fronteira de exportação daquele modelo. Em vez de “voltar americanizada”, o “ou o mundo se brasilifica ou vira nazista”, de Jorge Mautner.