A pouco mais de dez dias, a eleição mais acirrada dos últimos tempos entrou no modo vaca não reconhece bezerro. A esta altura, tudo indica que a polarização Jair Bolsonaro-Fernando Haddad se consolida, como mostra mais uma pesquisa BTGPactual/FSB divulgada nesta manhã: o candidato do PSL estabilizou-se em 33% e o petista subiu 7p.p, chegando a 23%.
Há grande expectativa em relação ao Ibope de hoje à noite. Se confirmar a tendência deste e de outros levantamentos das últimas horas, poderá decretar o fim da linha para Geraldo Alckmin e Marina Silva, precipitanto uma debandada final de seus votos.
Muito vem se falando em voto útil nesta eleição, com a intenção de beneficiar candidatos centristas como Alckmin. Mas o feitiço pode se voltar contra o feiticeiro e, a se confirmarem as atuais tendências, o chamado voto útil pode acabar beneficiando Fernando Haddad e Jair Bolsonaro, numa antecipação do segundo turno já no primeiro. O ex-ministro José Dirceu, aliás, foi o primeiro a verbalizar essa possibilidade em relação a Haddad em entrevista hoje ao Valor.
Isso vai depender, sobretudo, do desempenho da incógnita Ciro Gomes nos próximos levantamentos. No BTG desta manhã, o candidato do PDT cai de 14% para 10%, uma trajetória de queda, apesar do patamar ainda razoável. Não por acaso, a campanha de Ciro distribuiu ontem à noite aviso pelas redes sociais alertando sua militância para “não se deixar abater” pelo Ibope de hoje, que seria “manipulado “ para reforçar a polarização Bolsonaro x Haddad.
É nesses momentos em que todo cuidado é pouco para todo mundo. Qualquer pisada na bola pode ser fatal. É nessas horas também que se armam jogadas obscuras e desonestas para tentar influenciar o eleitor na reta final.