A pesquisa Datafolha e as primeiras parciais do Ibope mostram alguns resultados que contrariam análises de quem ousou prognósticos, com base em trackings, pesquisas qualitativas e até pelo bom senso.
Políticos país afora apostavam que, após o atentado contra a sua vida, Jair Bolsonaro mudaria de patamar nas pesquisas eleitorais. Teria carimbado o passaporte para o segundo turno e todos os outros concorreriam a outra vaga. Exemplos do passado, mesmo em circunstâncias históricas muito diferentes, alimentaram os que temiam e os que apostavam no ganho eleitoral de Bolsonaro pela facada em Juiz de Fora.
Aliados e parentes de Bolsonaro acreditaram piamente nisso. Forçaram a barra. Exageraram nas exposições em vídeos e fotos. O efeito solidariedade perdeu o ímpeto.
Bolsonaro se mantém forte no páreo, pole position para o grid no segundo turno. Mas ainda tem um bom pedaço de corrida até lá. Mas justamente lá continua sendo seu maior problema. Nesse primeiro percurso, seu retrovisor está embaçado. Deixou de aparecer Marina Silva, quem há semanas o perseguia mais de perto.
O que aconteceu com Marina pra despencar, no Datafolha, de 16% para 11% das intenções de votos justamente quando ela parecia ter encaixado uma fala direta com o eleitorado feminino, majoritário e mais indeciso?
A primeira explicação é de que ela perdeu fôlego na corrida com Ciro Gomes e Fernando Haddad pelo espólio eleitoral de Lula. Teria encolhido pelo crescimento dos adversários, que hoje teriam mais identificação política com Lula. Difícil é entender porque Marina, igualmente crítica a Lula, era até duas semanas atrás sua principal herdeira eleitoral. O argumento que justificava esse desempenho não era a afinidade política, mas sim a história de vidas a partir de pobrezas absolutas.
A queda eleitoral de Marina, se comprovada, compromete o plano B de quem pôs fichas em Geraldo Alckmin. Alckmin até ganhou alguns pontinhos em São Paulo, muito pouco para o dever de casa necessário para se tornar nacionalmente competitivo. Ele precisa de uma boa vitamina de Nescau ou de Açaí para continuar no páreo.
Se Alckmin continuar patinando, Marina despencando, e nenhum dos dois conseguir transformar o eventual fracasso de ambos em sucesso de um deles, quem será até o plano C de tucanos e aliados?. É uma turma que no máximo segue parceiros eleitorais o velório.
A expectativa nos arredores do ninho tucano é se até a próxima pesquisa Datafolha, prevista para a sexta-feira (14), esse quadro não se modificar — Alckmin ou Marina mostrarem poder de reação– eles vão buscar alternativas. Se Ciro Gomes, que vem se saindo bem nos debates e nas pesquisas, continuar em ascensão, pode até conquistar o que não conseguiu nas negociações pré-campanha eleitoral: o apoio do establishment político e econômico.
A conferir.