Numa eleição onde a imprevisibilidade é a tônica, Geraldo Alckmin parece monotonamente previsível. A entrevista desta quarta, 29, para o Jornal Nacional, da TV Globo, foi um replay das anteriores.
Se o presidenciável conseguir convencer os eleitores que, caso seja eleito, o Brasil vai deixar para trás os quatro últimos anos de sobressaltos poderá ganhar os pontos que precisa para saltar ao segundo turno. Diferente da maioria dos candidatos, ele pode dizer que vai fazer o que já fez em São Paulo durante 14 anos.
Que outro candidato pode prometer um governo sem muitas surpresas?
ABC paulista
Caso consiga concorrer, Lula voltará aos tempos de paz e amor ou vestirá o macacão de sindicalista do ABC paulista? Ou será uma mescla dos dois estilos?
Se o poste Fernando Haddad assumir a Presidência da República vai governar de fato? Ou instalará um telefone vermelho na cela da PF em Curitiba para consultar Lula toda a vez que precisar de uma ideia?
Ciro Gomes, o candidato que tem respostas rápidas para tudo, adotará na gestão do País a forma beligerante de sua retórica? E Marina Silva? Como governar o Brasil sem alianças com as legendas de aluguel, que ela diz desprezar?
“Alckmin deverá ser um
repeteco dos quatro mandatos
do governador Alckmin.
Chato, mas previsível.”
Bolsonaro provavelmente adotará a linha dura na segurança pública. Mas nas finanças públicas?
Vai assinar sem ler os decretos preparados por Paulo Guedes? E vender todas as estatais, o oposto do que fizeram os generais ditadores, os ídolos inspiradores do bolsonarismo?
Privatiza tudo
Por sua vez, Alckmin deverá privatizar, mas não tudo. Certamente perseguirá o equilíbrio fiscal.
Como fizeram Lula e FHC, irá costurar alianças elásticas com o Parlamento. E tentará replicar a política de segurança pública paulista para o restante do Brasil.
Enfim, o ainda improvável presidente Alckmin deverá ser um repeteco dos quatro mandatos do governador Alckmin. Chato, mas previsível.