Caiu a ficha do mercado e de setores ligados ao PIB de que Fernando Haddad poderá ser o próximo presidente do país. É claro que, até outubro, o establishment vai fazer de tudo para evitar isso, mas poderá acontecer, de acordo com sinais que recebe a cada dia. Além da última rodada de pesquisas apontando o fortalecimento de Lula – que ainda precisa transferir parte dos votos para seu substituto – o Datafolha mostra hoje o PT, satanizado nos últimos anos com a pecha da corrupção, como o partido preferido de 24% dos eleitores, seguido de longe, muito longe, pelo PSDB e o MDB, cada um com apenas 4%.
E tome o dólar a disparar, as bolsas a cair, as elites a fazer as malas para Portugal… A esta altura do campeonato, em 2002, o candidato Lula já tinha feito sua Carta aos Brasileiros acalmando os mercados, divulgada em junho daquele ano. Foi bem sucedido, mas tudo indica que, desta vez, o PT não seguirá a estratégia. São outros tempos, e desta vez o discurso petista é bem mais radical no plano da economia e das relações com o establishment econômico, financeiro e midiático.
O que não quer dizer que Haddad, de forma muito discreta e cautelosa, não esteja abrindo caminhos junto a esses setores. O ex-prefeito de SP, aliás, apontado como o mais tucano dos petistas – e justamente por isso alvo de desconfianças na tigrada do PT -, tem facilidade de diálogo e muito boa interlocução com as forças do mercado. Mesmo sem carta, tem mandado recados de que, se eleito, não vai ignorar a necessidade de ajuste fiscal e de certas reformas. Nessas conversas, Haddad tenta deixar claro que não vai tocar fogo no circo.