É curiosa e cheia de recados a pesquisa CNT/MDA divulgada hoje. Antes de tudo, traz o retrato inédito do crescimento de 5p.p, de maio para agosto, de um sujeito que está preso desde abril. Lula passou de 32,4% para 37,3% nesse período, sem dar o ar de sua graça a um eleitor sequer – e algum dia esse fenômeno terá que ser estudado. Ainda que a uma longa distância, na casa dos 18%,Bolsonaro garante o segundo lugar. As esperanças do establishment, notadamente Geraldo Alckmin, não chegam a um terço disso.
Confunde o fato de não haver cenário pesquisado sem Lula no momento em que, todos sabem, o ex-presidente está prestes a ter sua candidatura cassada pelo TSE.
Mas a lei obriga as pesquisas a registrar o quadro de candidatos oficiais, e dele Lula não saiu ainda. Deduz-se, a partir dos dados apresentados pela pesquisa sobre a migração dos votos de Lula, que Fernando Haddad, seu substituto, estaria bem na foto se esse cenário tivesse sido pesquisado. Afinal, fica com 17,3% do espólio lulista, seguido por Marina Silva, com 11,9%, e Ciro, com 9,6%. Quasee metade dos votos de Lula, porém, ainda vai para brancos, nulos e indecisos – o que mantém a margem de incerteza em relação ao pleito.
Não por acaso, a pesquisa CNT/MDA acentuou a queda da bolsa e fez o dólar subir hoje. Jair Bolsonaro passou de 16% para 18% e o trio do segundo pelotão – Marina, Alckmin e Ciro – continua embolado num patamar baixo, entre 5% e 6%. Num segundo turno, porém, os três empatam ou perdem por pouco de Bolsonaro, o que pode ser um sinal de alento. O problema, porém, é chegar lá.