Tensão nas investigações da execução de Marielle

Marielle Franco

É cada vez maior, entre integrantes do Congresso e autoridades federais, a crença de que as investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes – há cinco meses sem solução – estão chegando perto de gente muito graúda no estado. O ambiente é bastante tenso porque, apesar de dois pedidos de federalização das investigações, feitos pela PGR Raquel Dodge e, mais recentemente, pelo ministro Raul Jungmann, as autoridades da Policia Civil do Rio e os interventores das Forcas Armadas recusam a oferta e as apurações andam muito devagar.

Nos bastidores, teme-se que, com figurões da política do estado envolvidos, ou ao menos relacionados com os longos tentáculos do crime organizado, a verdade jamais venha à tona. Não se supõe que os militares, atualmente responsáveis pela segurança do Rio, comcordem em acobertar qualquer coisa.

A mesma confiança não existe, porém, em relação ao trabalho de saneamento da Polícia Civil do estado. Na avaliação desses interlocutores, esses tentáculos ainda estariam presentes em setores da polícia, apesar da depuração que vem sendo feita pelos interventores nos últimos meses. Daí a insistência na federalização, que  deixaria o comando da investigação nas mãos da Polícia Federal.

Para o governo Temer, que decretou uma intervenção que hoje vem sendo muito questionada, a elucidação do crime seria de fundamental importância, espécie de salvação  da lavoura para tentar mostrar que, afinal, a intervenção não foi um fracasso tão retumbante assim.

O Ministério Público Federal também quer tomar as rédeas das apurações, mas, mostrando o nível das desavenças em torno do assunto, a PGR foi derrotada nisso pelos procuradores do Estado do Rio e pelo próprio Conselho Nacional do Ministério Público, que tomou as dores dos colegas fluminenses.

Enquanto isso, a execução de Marielle e Anderson segue impune.

 

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