O PT aposta no sucesso político e eleitoral da marcha em Brasília para acompanhar o registro da candidatura presidencial de Lula no Tribunal Superior Eleitoral. Suas várias frentes de influência foram convocadas para ampliar a pressão sobre os juízes eleitorais.
O PT sabe que essa mobilização não tem a menor chance de êxito.
Desde que condenado em segunda instância, por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, Lula se tornou ficha suja. Todos os recursos perdidos, nas inúmeras batalhas em todas as quatro instâncias judiciais, só reforçam seu caso como exemplar na aplicação da Lei da Ficha Limpa.
O PT fez da Ficha Limpa bandeira política e eleitoral. Lula sancionou a lei.
O PT, orientado por Lula, optou por submeter a defesa jurídica à estratégia política. Dizem que ele é inocente de todas as acusações, e as apurações da Polícia Federal e do Ministério Público, sob o crivo da Justiça, são uma farsa. Assim, em vez de explicar porque Lula aceitou, por exemplo, benesses de empreiteiras no famoso sítio de Atibaia, desqualificam toda e qualquer investigação. Avaliam, também, que a sua popularidade o redime das denúncias.
É com esse enredo — e muito bumbo — que hoje o PT registra Lula no TSE. Pode até ser uma boa jogada política, mas do ponto de vista legal, digamos, é uma candidatura fake.
O PT tem ousados aliados na própria Justiça, que lhe estimularam a peitar qualquer decisão judicial desfavorável Lula, e a partir para a ofensiva. Apostam que acuando a Justiça vão tirar dividendos políticos e eleitorais. Mesmo assim, insistem em se apresentar apenas como vítima.
Fernando Haddad, que vem se saindo bem no tal estágio probatório para substituir Lula, mostrou nessa terça-feira (14) total afinação com a estratégia político-jurídica da cúpula petista.
Em plena ofensiva petista sobre os juízes eleitorais, Haddad condenou pressões sobre os juízes eleitorais e disse que, nesse jogo, o PT vem atuando de maneira impecável. Na toada de sempre, ele atribuiu as pressões na Justiça à adversários e à mídia que querem manter Lula inelegível.
E foi adiante.
— A ministra Rosa Weber (nova presidente do Tribunal Superior Eleitoral) tem de julgar de acordo com a Lei, não com pressão e dos telefonemas que ela venha a receber. Ela é uma ministra respeitável e não há de se sujeitar a pressão de ninguém.
Que lei? O que está em jogo é justamente se a Lei Ficha Limpa vale ou não para todos. Se não puder valer para Lula, por que deve valer para José Roberto Arruda, Sérgio Cabral e tantos outros?. Lula é o único erro judicial?
Os poderosos no Brasil de todos os quadrantes sempre acharam que as leis deveriam valer para os outros. A Operação Lava Jato abriu o véu para a possibilidade de aplicação aqui de algumas penalidades comuns em países mais democráticos. Virou um Deus nos acuda.
O propósito dos caciques políticos de todos os naipes — Lula, Aécio Neves, Renan Calheiros… –é conseguir nessas eleições, com regras sob medida, algum tipo de aval para virar a mesa e dar um basta no combate à corrupção.
A conferir.