Já disse aqui que tenho inveja de quem constrói belas frases. Eu me sinto meio Tunai, que canta:
“Certas canções que ouço
Cabem tão dentro de mim
Que perguntar carece
Como não fui eu que fiz?”
O polêmico, contestado, criticado e nunca ignorado Arnaldo Jabor é um desses grandes frasistas. Cresceu e se formou bebendo da fonte do Nelson Rodrigues, foi ainda forjado no velho partidão, que teve em seus quadros diversos intelectuais de toda uma época da história política do País.
Outro dia, dirigindo ouvia o noticiário no rádio, quando entrou um comentário do Arnaldo Jabor, inteligente, como quase sempre, cravou no encerramento:
Para essa gente da velha esquerda, o óbvio é de direita.
Depois desse achado, falar mais o quê?
Outra inveja
Uma colega jornalista aqui de Brasília, observadora atenta da cena política local, estranhou a renúncia do médico Jofran Frejat na disputa para o Governo do Distrito Federal. O velho político liderava todas as pesquisas. Alegou que não venderia a própria alma ao diabo. Até aí tudo bem, todos nós temos nossos diabos e fantasmas. O que causou estranheza foi que ele, Frejat, disse que antes de decidir consultaria o presidente do seu partido, o notório Valdemar Costa Neto. Foi quando a colega indagou: – Ué, foi se queixar do diabo para o chefe dos capetas?
O assunto logo voltou a ser a política nacional.