Resolvi tomar o pulso do clima de interesse pela Copa de 2018, já que em 14 de junho a bola começa a rolar nos campos da Rússia. A Seleção Brasileira – por ter um histórico de sucesso, cinco vezes campeã mundial, passarela de craques queridos – talvez seja, pelo menos nesse momento, uma das esperanças de alegria para a população.
Estive numa feirinha popular, onde se encontra de tudo para comprar. Busquei saber como vão as vendas de bandeiras brasileiras, uniformes do nosso time, fantasias esportivas e, enfim, adereços para enfeitar os recintos onde multidões de torcedores irão assistir aos jogos pela tevê. Fiquei surpreso quando a vendedora de uma barraquinha me disse:
– Em cada 10 camisas da Seleção que vendemos, 1 é da cor verde, 2 são amarelas e 7 são azuis.
Curioso. Achei curioso e fui conferir em outras lojinhas. Era isso mesmo. Não se sabe exatamente por qual razão. Mas a camisa azul da Seleção, que faz parte do digamos uniforme reserva, ou seja, secundário, está dando de goleada na amarela, considerada a oficial. Fui buscar uma relação dos fatos que rolam no dia-a-dia do País com a cor azul para justificar tal preferência. Não achei.
Fiquei surpreso porque todos sabemos que a camiseta canarinho, amarela, um dos símbolos nacionais, aliado a vitórias e sucesso, vestiram nossos atletas campeões em 4 finais: 1962, 1970, 1994 e 2002, no Chile, México, Estados Unidos e Japão/Coréia. Somente em 1958, na Suécia, quando o Brasil levantou a Taça da FIFA pela primeira vez, o uniforme era azul.
Pelé, Garrincha e as outras estrelas de 58, estavam de azul. Mas depois, só deu a camisa amarela, com o Pelé novamente, Tostão, Jairzinho, Romário, Bebeto, Dunga, Ronaldo, Rivaldo etc. Só craques. Vamos esperar, e torcer, para que o Brasil de Neymar chegue à final da Copa da Rússia e vença independentemente da cor do uniforme.
A sociedade, muitas vezes, se comporta segundo tendências que entram na onda das redes sociais ou do disse-me-disse do-dia-a-dia. O volume de opiniões sobre um tema que acaba influenciando milhares, milhões de indivíduos. A expressão “inconsciente coletivo” – derivada das teorias do famoso psiquiatra suíço Carl Jung – está sempre presente no imaginário popular, ainda que em silêncio.
Talvez Freud ou a ciência que estuda a influência das cores nas pessoas expliquem a surpreendente preferência dos torcedores pela camisa azul da Seleção, deixando a tradicional amarela de lado. Pode ser algum tipo de mandinga secreta ou o poder do tal inconsciente coletivo a que se refere a psicologia.