O governo do presidente interino, Michel Temer, tem todos os motivos para tentar acelerar a tramitação e o julgamento da presidente afastada Dilma Rousseff no Senado. Temer sabe que o tempo, com todos os seus desgastes, corre contra os novos governos. A economia não vai sair mesmo do atoleiro nos 180 dias máximos do prazo regulamentar, então para ele o melhor seria antecipar a decisão dos senadores para o quanto antes – enquanto ainda perdurar um clima de esperança e antes das inevitáveis cobranças que vão aparecer.
Todo mundo sabe que é remota a possibilidade de reversão do quadro. Nunca se viu um presidente afastado e sem caneta, lutando sozinho contra uma nova ordem instalada, retornar ao cargo. Mas, no Brasil desses novos tempos, nunca se viu tanta coisa que está acontecendo…
Por isso, a tropa neogovernista já está trabalhando no Senado, e vem apresentando té outras razões aos senadores para a antecipação. O fim do mandato de Ricardo Lewandowski, que conduz o processo, na presidência do STF, em 10 de setembro. E até o desejo de Temer de não ser mais presidente interino por ocasião dos Jogos Olímpicos do Rio, que vão de 5 a 21 de agosto, quando vai receber muitos chefes de Estado.
É pouco provável, porém, que se consiga adiantar a votação definitiva do impeachment para um prazo menor do que 100 ou 120 dias. Os técnicos do Senado fizeram as contas dia-a-dia, na ponta do lápis, e descobriram que, apenas em prazos obrigatórios, daqueles que contam para formalidades do processo, serão gastos 76 dias. Incluem-se aí os prazos para defesa de Dilma, que devem ser usados até o fim. Esses especialistas da área jurídica do Senado, que estão assessorando Renan Calheiros e Lewandowski, acrescentam a esse trâmite mais um prazo mínimo que vai de 20 a 40 dias para o andamento do processo.
Por esses cálculos, o julgamento final de Dilma ocorrerá, em sua hipótese mais ligeira, na última semana de agosto ou na primeira de setembro – ou seja, entre o fim dos jogos olímpicos e o Sete de Setembro.