Difícil falar em surpresa em uma campanha disrítmica como essa, mas o anúncio de Joaquim Barbosa, pelo Twitter, de que não será mais candidato à Presidência da República, pegou muita gente no contrapé. Barbosa, a essa altura, já havia sido adotado por aqueles setores da opinião pública – e publicada -, baseado em pesquisas qualitativas, como a nova esperança de uma saída “fora da política” – maneira indireta de dizer “alguém que não seja Lula e, se possível, também não o Bolsonaro”. Não se sabe que forças ocultas ou ocultadas travaram Barbosa, sonho do PSB de chegar à Presidência sem estar na carona de alguém, mas a “decisão estritamente pessoal” do ex-presidente do Supremo e ministro aposentado do tribunal lembrou a de outro franco-atirador que deixou sua casamata política para abandonar a campanha.
Antes de Barbosa começar a flertar com a campanha e se filiar ao PSB – os encontros com líderes do partido haviam se intensificado, na mesma proporção em que apareciam as divergência internas -, o outsider que despontava era o apresentador Luciano Huck, que desistiu alegando as mesmas razões pessoais. Huck, a rigor, desistiu duas vezes, uma em novembro do ano passado, em artigo publicado na Folha de S. Paulo, e outra em fevereiro. Assim como Barbosa, Huck chegou a beirar os 10% da preferência do eleitorado nas pesquisas de intenção de voto, antes de bater em retirada. Assim como aconteceu depois da saída de Huck, a desistência de Barbosa distribuirá votos por Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT), especialmente. Tudo isso, fique claro, em um cenário sem o ex-presidente Lula. A próxima pesquisa mostrará a reacomodação desses votos.
Henrique Meirelles, antes que você pergunte, na categorizaçao dos analistas políticos, não configura um outsider, mas congrega a figura de especialista, aquele que resolve a economia para melhorar a vida das pessoas – não por acaso foi chamado tanto para chefiar o Banco Central no governo Lula quanto o Ministério da Fazenda no governo Michel Temer. Dois candidatos do mundo empresarial, João Amoedo, do Partido Novo, e Flávio Rocha, dono da rede de lojas Riachuelo, que acertou sua entrada no PRB, não decolam mesmo com toda a propaganda do mundo. Ao contrário de Barbosa, que no PSB não estaria isolado, Amoedo e Rocha vivem o drama de todo outsider em partidos nanicos: falta de tempo de TV e fundo eleitoral.
Em um ambiente de rejeição de parte do eleitorado com os políticos, ou com o chamado establishment, e com as convenções partidárias se aproximado – começam em meados de julho e vão até 4 de agosto – segue a expectativa de quem quer “algo novo” de que nomes de fora do mundo político possam surgir no pleito eleitoral. Apresentadores, juristas, empresários, apresentem-se, a hora é essa.