Apoio a Alckmin não passa na convenção do MDB

FHC e Alckmin. Foto Orlando Brito

Os namorados de Geraldo Alckmin (PSDB) continuam seduzindo e inundando as páginas dos jornais e os vídeos da televisão. O candidato do PSDB à presidência estaria avançando na costura para fortalecer sua candidatura. Qualquer conversa ou encontro é traduzido como um quase acordo. Pode ser que os leitores e telespectadores acreditem, mas estas mal traçadas matérias e opiniões não enganam os partidos e nem mesmo os próprios tucanos.

As sucessivas conversas dos tucanos com o presidente Temer estão sendo interpretadas como uma capitulação do MDB. Mas bastaria se informar sobre as disputas regionais para os governos, e para as duas vagas ao Senado, para verificar que não é bem assim. O PSDB é adversário direto do MDB em 16 estados e bate direto naquele que tem o maior número de delegados na convenção, o Rio de Janeiro.

Nas eleições de 2010, 84,85% dos votos na convenção do MDB foram favoráveis à aliança com o PT. O resultado foi a chapa Dilma Rousseff – Michel Temer. Na convenção de 2014 o cenário foi outro. A manutenção da aliança obteve 59,13% dos votos dos convencionais. Em 2010, 15% dos votos foram pela candidatura própria e em 2014 esta posição recebeu 40,87% dos votos. O que vocês acham que vai acontecer em 2018?

Estes 16 estados, em que os tucanos batem de frente no MDB, tem apenas 416 votos na convenção de um total de 629. Neste cálculo não estão incluídos o Ceará e o Rio de Janeiro. Os tucanos e seus admiradores podem não saber disso, mas a cúpula do MDB sabe. Será que ela vai apoiar Alckmin e fortalecer seus adversários nos estados? Gente, o PSDB não é mais aquela jamanta do Plano Real. É uma caçamba.

Ao contrário da desinformação, os tucanos é que estão correndo desesperadamente atrás de apoios e não os outros que estão se oferecendo. Foi Alckmin quem foi a Teresina (PI) atrás do presidente do PP, senador Ciro Nogueira. Foi o ex-prefeito João Doria quem procurou o presidente Michel Temer, em sua casa em São Paulo. No mesmo endereço, Temer foi visitado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Foi o ex-governador Geraldo Alckmin quem telefonou para Temer. Os tucanos é quem estão com o chapéu na mão.

Temer, político experiente, não fecha as portas e dá declarações de quem está aberto ao diálogo. E, quando diz que trabalha para unir o centro, tucanófilos concluem que ele vai apoiar o Geraldinho. Pode ser? Embora, qualquer iniciante em política saiba que somente os petistas costumam ser arrogantes e gostam de fechar as portas.

Temer, Alckmin e Meirelles. Foto Alan Santos/PR

Devemos levar em contra outras informações. O presidente Temer, e seus ministros mais próximos, não engole o fato do PSDB ter rejeitado seu governo sob o comando de Geraldo Alckmin. Os tucanos são os únicos que podem ameaçar o MDB na manutenção da maior bancada do Senado. E os dois partidos disputam a eleição do maior número de governadores.

São questões estratégicas e foi-se o tempo em que o MDB não tinha um projeto nem tinha uma maioria consolidada. Acredito ainda, que o maior partido do país está cansado de ser tratado como um molambo, como foi nos governos comandados pelo PSDB e pelo PT. O MDB quer ter candidato, pois acredita que de qualquer forma ele tem tudo para continuar no governo. Ele será o maior partido do Senado e um dos três maiores da Câmara.

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