Quem está botando a mão na massa nas pré-campanhas tem-se debruçado sobre pesquisas, em especial as qualitativas, para tentar enxergar para aonde o vento pode soprar nessas eleições fragmentadas e imprevisíveis.
Além do nevoeiro político-eleitoral, o jogo de sedução do eleitor será diferente. As estrelas do marketing, envolvidas em escândalos, estão fora do páreo, seu modelo hollywoodiano de campanha fora de cogitação, por falta de grana para produzi-los – e a desconfiança dos eleitores depois de escancarados estelionatos eleitorais.
Ninguém se ilude que o Caixa 2 foi aposentado. Mas todos sabem que cresceu o risco de ser flagrado e reduziu as chances de se sair impune. É pagar pra ver.
Candidatos a governador e senador se movimentam com um olho nas questões regionais e o outro na possível influência do jogo presidencial.
Os caciques do MDB no Norte e no Nordeste – Renan Calheiros, Jader Barbalho, José Sarney, Eunício Oliveira, Eduardo Braga, entre outros — vinham pondo suas fichas em Lula, independente de ele ser candidato ou não. É que nessas regiões, todas as pesquisas mostram que Lula é imbatível. Mas, desde a sua prisão, cresce entre os eleitores a avaliação de que ele não será candidato, e aí, insatisfeitos ou não, começam a observar outros nomes.
Com a discrição e a habilidade de sempre, esses caciques do MDB começam a reexaminar o cenário nacional. Não parecem dispostos, salvo exceções, a embarcar em um eventual Plano B do PT.
No próprio PT, fora a burocracia do partido, que ainda veta a discussão de alternativas à candidatura Lula, Plano B e até Plano C tem sido tema de conversas.
Ali, também, começa a preocupar o que, em várias regiões, em cenários distintos, marqueteiros e outros profissionais envolvidos em diversas campanhas têm diagnosticado, baseados em pesquisas qualitativas: Joaquim Barbosa tem aparecido como a novidade para um eleitor cansado de políticos, e mostra um potencial de crescimento bem expressivo.
Joaquim ainda não se declarou candidato. Ele está calado, mas não quieto. Em duas ou três frentes, tem gente se movimentado para pavimentar seu caminho. Todos bem animados.
No PSB, até quem antes era meio refratário, começa a enxergar janelas de oportunidades. Ajuda a atrair aliados e começa a preocupar adversários.
É o caso do governador de São Paulo, Márcio França. Além da máquina estadual, se Joaquim Barbosa confirmar o potencial de votos previsto por especialistas em pesquisas, França pode ameaçar o tucano João Doria e Paulo Skaff (MDB), hoje líderes nas pesquisas eleitorais.
Sem Joaquim Barbosa no páreo, a reeleição do governador Paulo Hartung (MDB) seria menos difícil. O que agora tenta-se dimensionar no Espírito Santo é o impacto que um Joaquim turbinado causaria na candidatura do socialista Renato Casagrande.
O enigma que todos tentam decifrar é como seria a sucessão presidencial sem Lula e com Joaquim Barbosa em ascensão, e seu impacto nas disputas regionais país afora.
A conferir.