GUILHERME PERA, DA AGÊNCIA BRASÍLIA
O governador Rodrigo Rollemberg anunciou nesta quinta-feira (3) o fim do rodízio no fornecimento de água no Distrito Federal em 15 de junho. A medida, tomada em virtude da crise hídrica que atingiu a capital do País, será encerrada após o reservatório do Descoberto ultrapassar 90% da sua capacidade.
O chefe do Executivo local atribuiu o resultado ao “esforço da população nesse 1 ano e 3 meses [de racionamento] e dos agricultores, que mudaram a forma de irrigação, e das obras de captação de água inauguradas pelo governo de Brasília.”
Rollemberg destacou que a população reduziu em cerca de 12 a 13% o consumo de água, o que ele considera o “grande legado” no rodízio de fornecimento. Ele enfatizou, ainda, que as captações no Ribeirão Bananal e no Lago Paranoá incrementaram o sistema em 1,4 mil litros por segundo.
“O menor nível de afluência do Descoberto fica para o fim de novembro, algo em torno de 21,9% da capacidade do reservatório, quando já teremos novamente o período de chuvas e, em dezembro, o sistema Corumbá em operação, com 2,8 mil litros por segundo a mais de água para o DF”, disse.
Soma-se a isso o fato de que, hoje, 550 litros de água que são captados a cada segundo no Ribeirão Bananal, no Lago Paranoá e no Sistema Santa Maria-Torto são usados para abastecer cidades que antes recebiam água da Barragem do Descoberto.
Obras para reverter a crise hídrica no DF
Após 17 anos sem intervenções para ampliar o abastecimento de água na capital do País, o governo de Brasília entregou a Estação de Tratamento de Água do Lago Norte e o Subsistema Produtor de Água do Bananal, interligou os dois principais sistemas produtores de água permitindo a transferência do Santa Maria-Torto para o Descoberto e avança nas obras do Sistema Corumbá.
Mais de 70% das obras da adutora de água tratada do Sistema Produtor Corumbá, em Santa Maria (DF), estão prontos.
Em outubro de 2017, o governador Rodrigo Rollemberg inaugurou a Estação de Tratamento de Água do Lago Norte. Nela, foram investidos R$ 42 milhões, com recursos provenientes do governo federal. A obra teve duração de cinco meses.
A unidade capta água por meio de balsas flutuantes e faz o tratamento do recurso no próprio local. A estrutura fica na ML 4, no Setor de Mansões do Lago Norte, e trata-se de uma estação compacta, com membranas de ultrafiltração, uma das mais modernas tecnologias na área.
No mesmo mês, o Distrito Federal também ganhou reforço de até 726 litros por segundo com a captação de água por meio do Subsistema Produtor de Água Bananal. A estrutura fica em uma saída da Estrada Parque Indústria e Abastecimento (Epia), entrada da Granja do Torto.
O investimento foi de R$ 20 milhões, do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste, do Banco do Brasil.
Além disso, a elevatória da Estação de Tratamento de Água Brasília (ETA Brasília), que foi entregue em abril deste ano, é fundamental para levar água captada no Ribeirão Bananal e no Lago Paranoá para regiões tradicionalmente abastecidas pelo Sistema Produtor Descoberto.
O início do racionamento no DF
Em 2016, a escassez de chuvas em Brasília levou a Barragem do Rio Descoberto a atingir o nível mais baixo de sua história. O reservatório, responsável à época por abastecer 65% do Distrito Federal, estava com apenas 40% da capacidade no dia 16 de setembro.
Por isso, na época, a Adasa declarou estado de alerta por situação crítica de escassez hídrica para a capital do País. O diretor-presidente da agência, Paulo Salles, assinou a Resolução nº 15, de 2016, que recomendava medidas para assegurar a manutenção dos recursos, pois o ideal é que o reservatório se mantenha acima de 60% de seu volume útil.
As primeiras medidas anunciadas foram intensificar as campanhas educativas e aumentar a fiscalização para coibir captação ilegal de água.
Ainda em setembro, a Caesb começou a fechar, como medida temporária, o abastecimento de algumas regiões para preservar os níveis de reservação e evitar falta de água em maior proporção.
Em outubro, quando o volume de água do Rio Descoberto atingiu 24,97%, a Caesb começou a aplicar 20% de tarifa de contingência na conta de água do consumidor. O recurso foi utilizado, entre outras ações, para promover campanhas publicitárias de conscientização, intensificar a fiscalização para evitar fraudes e substituir redes com vazamento.
Por fim, para assegurar a capacidade hídrica da cidade, em janeiro de 2017 foi anunciado pelo governo rodízio no fornecimento de água das regiões administrativas abastecidas pela Barragem do Descoberto. E as regiões abastecidas pelo Reservatório de Santa Maria, responsável pelo fornecimento de água de 24% da população de Brasília, entraram no rodízio em fevereiro do mesmo ano.
Aguarde mais informações.
EDIÇÃO: PAULA OLIVEIRA