No faz de conta pra iludir eleitores vendem-se fantasias e escondem-se receios. É nessa adrenalina que, em momentos de alta tensão, políticos morrendo de medo, para disfarçar o que sentem, se dizem tranquilos.
Parecem bem ensaiados por seus advogados.
Como em um jogral, Aécio, Lula e Temer se mostram afinados ao se dizerem tranquilos, consciência em paz, apenas indignados com as injustiças de quem, sem prova alguma, se mete a julgá-los.
É um jogo que todos eles jogam juntos.
Caciques políticos, grandes empresários e a alta burocracia sempre trataram o Judiciário como o suprassumo dos poderes. “Decisão judicial não se discute; cumpre-se”, talvez seja o mantra mais longevo em nossa história republicana.
Na ótica deles, quando a zaga falhava, a Justiça era o melhor goleiro.
E assim, décadas após décadas, interrompidas por ditaduras que não mudavam a lógica do sistema, a Justiça penal no país virou uma máquina para controlar o andar de baixo, e, de maneira pontual, dar um susto em alguém do patamar de cima que extrapolou as convenções. Ainda assim, com raríssimas exceções, apenas sustos.
Como sempre, quem tem grana contratava advogados que sabiam o caminho das pedras, com uma equipe especializada no emaranhado de recursos judiciais, capaz de arrastar processos indefensáveis até a prescrição.
Essa impunidade eterna sofreu um sacolejo no processo do Mensalão. Mas foi a Lava Jato que, pela primeira vez na história do país, respeitando as regras do Estado do Direito, conseguiu de fato aplicar as leis no andar de cima.
É nesse contexto que o juiz Sérgio Moro, gostem ou não, se tornou o principal responsável pela quebra de um paradigma histórico: a capa do processo sempre influiu na sentença.
Evidente que as elites de todos os naipes querem reverter o rumo desse jogo. Elas têm poder de fogo.
Tentam vencer no STF. Apesar de terem parceiros ali, parecem fadadas, nessa rodada de embates, a perderem as principais batalhas.
A conferir.