A vida já não andava fácil para Geraldo Alckmin, que empacou em patamares modestos nas pesquisas e enfrenta obstáculos para ampliar suas alianças – muito em função, diga-se, da falta de solidariedade tucana e da divisão interna do PSDB. Agora, pode ficar pior. Não exatamente pelas investigações da força tarefa da Lava Jato em São Paulo, que parece ter tomado uma boa dose de Nescau, cresceu e apareceu. Mas sobretudo pelo fogo amigo e adversário que ela acendeu.
A força tarefa, que prendeu o ex-diretor da Dersa, Paulo Vieira, o Paulo Preto, na semana passada, agora quer investigar Alckmin diretamente pelas acusações de ter recebido caixa 2 da Odebrecht em suas campanhas, pelo cunhado Adhemar Ribeiro. Essa investigação está no STJ, mas agora os procuradores pedem a transferência do inquérito para São Paulo porque o ex-governador deixou o cargo e perdeu o foro privilegiado.
Essa decisão, porém, está nas mãos do STJ, que pode levar tempo, muitos meses até, para decidir. Nada indica, por tudo que se conhece até agora, que Alckmin, acusado de caixa 2, teria envolvimento tão direto assim com a Lava Jato, a ponto de ver sua candidatura presidencial inviabiizada. O problema, porém, não é o fato. É a versão, sobretudo dos amigos.
Todo mundo sabe que, com amigos como os que ele tem no PSDB, Alckmin não precisa de inimigos. Alguns deles já estão espalhando que, se a temperatura da investigação subir, a candidatura do ex-governador pode afundar, e que ele seria substituído pela escolha óbvia: João Dória.
Como boa parte dos movimentos políticos são feitos com base em versões e expectativas, Alckmin precisará agir rápido para dissipar essa onda e mostrar que sua candidatura é viável.