Parece uma causa perdida, mas petistas e integrantes da defesa do ex-presidente Lula tentam neste momento convencer o ministro Marco Aurélio de Mello a conceder uma liminar suspendendo sua prisão até a votação das ADCs.
Eles foram informados de que o ministro teria reconsiderado sua decisão anterior e estaria disposto a levar as ADCs em mesa ao plenário na próxima quarta-feira.
E esperavam que até lá a prisão de Lula não fosse decretada, já que havia informações de que o TRF4 aguardaria pelo menos até terça-feira, prazo final para os embargos dos embargos, para pedir a Sérgio Moro a decretação da prisão.
Mas foram pegos de surpresa pela pressa do tribunal e do juiz, que decretou a prisão apenas 22 minutos depois de receber o ofício do TRF, hoje mesmo.
Na avaliação do grupo mais próximo de Lula, razões midiáticas moveram essa iniciativa: o receio de até quarta Lula obter uma liminar e acabar não sendo preso. Segundo esta avaliação, preferiram então correr para garantir logo a imagem do ex-presidente na cadeia.
Além disso, os juízes querem evitar que o PT tenha tempo para articular grandes mobilizações. Havia um grande ato marcado para amanhã às 18 horas em São Bernardo. Dirigentes petistas estão trabalhando para antecipá-lo.
Realisticamente, o entorno de Lula já está se acostumando com a ideia de que ele aguardará preso a votação das ADCs, provavelmente na quarta-feira. Mais do que isso, será difícil Marco Aurélio fazer. Se tivesse disposição de agir tão ostensivamente a favor do ex-presidente, o ministro teria ontem pedido vistas do habeas corpus, impedindo a conclusão do julgamento e mantendo Lula solto.
“É uma corrida contra o tempo”, dizia há pouco um amigo de Lula.