Não se deve brincar com coisa séria, mas a piada nos bastidores de Brasília é que, se o ex-presidente Lula sofrer mais um ataque covarde do tipo do que alvejou sua caravana com tiros nesta quinta, consegue até derrubar a Lei da Ficha Limpa, virar candidato e ganhar no primeiro turno.
No contexto do assassinato ainda não resolvido da vereadora Marielle Franco, no Rio, e no mesmo dia em que o ministro do STF Edson Fachin denunciou estar sofrendo ameças, o episódio brutal teve um impacto maior do que esperava qualquer petista.
A mídia, inclusive aquela que costuma bater no ex-presidente, não fala de outro assunto. Os levantamentos das redes sociais mostram também uma enorme repercussão, majoritariamente solidária ao ex-presidente e repudiando a violência. A imprensa internacional também está dando grande espaço, naquela linha de que a democracia no Brasil anda em risco.
Nesse clima, os políticos se juntaram à maioria chocada, em declarações criticando a barbárie e fazendo eco aos que consideram o ataque um atentado à democracia. O governador Geraldo Alckmin, que no primeiro momemto fizera uma frase desastrada, dizendo que o PT colhia o que plantava, consertou imediatamente ao ver ter feito bobagem. Com exceção de Jair Bolsonaro, sempre fora da curva, os adversários de Lula perceberam que o momemto nāo é de confrontar.
No campo da esquerda, o apoio de Guilherme Boulos e Manuela d’Ávila abriu caminho para futuras alianças.
A piada envolvendo a Lei da Ficha Limpa é, evidentemente, exagerada e o mais provável é que a candidatura Lula venha a morrer na praia do TSE lá em agosto. Mas a última semana – na qual ganhou também um habeas corpus provisório – foi favorável ao ex-presidente. No dia 4, quando retomar o julgamento, o STF terá mais conforto para manter Lula solto.