Os ministros do STF manifestam-se sobre tudo. Só encolheram a língua para tratar do auxílio-moradia que virou uma mordomia ampla, geral e irrestrita do Poder judiciário. O que se ouve é que eles estão participando de um movimento para manter o auxílio com outro nome. Imaginam que assim vão restabelecer a moralidade.
Mas os ministros do STF estão calados com a difamação feita pela desembargadora do Tribunal de Justiça (RJ), Marília Castro Neves, contra uma vereadora (Marielle Franco) assassinada pelo crime organizado. A desembargadora não levou nenhum puxão de orelhas. Até mesmo o presidente do TSE, Luiz Fux, que anda debatendo a “fake News”, parece ter engolido a língua. A eloquente presidente do STF, Càrmen Lúcia, está muda. Nem o bravo Ministério Púbico se manifestou. O corporativismo tomou conta até de quem pretende se vender como paladino da Nação.
O silêncio no Judiciário é inexplicável. Um deputado federal de Brasília, Alberto Fraga, que também divulgou infâmias contra a vereadora assassinada, se retratou no programa Fantástico, da TV Globo. Um delegado da Delegacia da Mulher, em Recife, Pernambuco, foi afastado, por declarações contra uma cidadã executada por criminosos. Também no Fantástico, o delegado Jorge Ferreira, afirmou que a postagem infame não era dele e que seu nome foi usado nas redes sociais para acusar Marielle de “mulher de bandido”.
Enquanto isso, a desembargadora Marília tomou ‘doril’, e sumiu. Somente hoje pediu desculpas por ter dito que a assassinada estava “engajada com bandidos”. Ela afirmou ainda, que Marielle “foi eleita pelo Comando Vermelho”. A desembargadora, depois de suas diatribes, recolheu a língua e hoje confessou sua irresponsabilidade: “No afã de defender as instituições policiais, repassei de forma precipitada, noticias que circulavam nas redes sociais… a morte trágica de um ser humano é algo que se deve lamentar e seus algozes merecem o absoluto rigor da lei”.
Mas ela não recebeu nenhuma censura pela calúnia que propagou contra um ser humano brutalmente assassinado. Ela se manifestou como se Marielle merecesse ter morrido. Imaginem se ela tivesse dito que o presidente de seu Tribunal ou algum ministro do STF tinha relações com alguma facção criminosa. O vale tudo tomou conta do Poder Judiciário.