Vespertinas: oposição à intervenção quer PM, combatida por Marielle, de volta ao comando

Policiais da Força Nacional - Fotos Orlando Brito

Não vai dar certo I. É forte a torcida pra que dê errada a intervenção no Rio de Janeiro. O desejo da população das favelas de se ver livre do jugo dos traficantes conta menos. Conta é guerra política que assume características de disputa pré-eleitoral.

Não vai dar certo II. Com os militares, alguma coisa pode melhorar no Rio. Caso contrário, os favelados prosseguirão em suas rotinas de medo. Mas o que parece pesar nas decisões de ativistas é derrotar o Governo e retomar o poder.

Não vai dar certo III. Defender o retorno dos milicos aos quartéis significa devolver o poder de repressão aos governantes que afundaram o Rio de Janeiro. A PM do Rio, criticada pela vereadora assassinada Marielle Franco, reassumiria o comando da segurança pública.

Não vai dar certo IV. A contradição é explícita. A maioria da sinistra, bem como parte dos movimentos de direitos humanos, repudia a intervenção. Para quê? Para que a polícia do Rio, condenada todos os dias por eles, reassuma sozinha o poder repressivo.

Praia de São Conrado. Foto Orlando Brito

“Não se retoma a paz apenas com fuzis (…).
Mas não se vence a guerra contra bandidos
sem um aparato de segurança
pública
estatal minimamente íntegro e inteligente.

Não vai dar certo V. Nos 13 anos em que governou o Brasil, o PT não melhorou a tragédia da violência nos morros e no asfalto cariocas. Ao ser contrária à intervenção militar, a sigla que um dia representou a esperança de um País mais justo segue uma estratégia política: ser sempre contra. Até tomar o poder e adotar as mesmas práticas dos adversários, como bem revelou a Lava-Jato.

Não vai dar certo VI. Como escreveu o divergente Andrei Meireles, “se a intervenção no Rio será boa ou não, as consequências dirão. O fato é que, (…), ela começou a incomodar”.

Não vai dar certo VII. Não se retoma a paz apenas com fuzis, mas também com eles. Educação, saúde e respeito aos direitos humanos são indispensáveis. Mas não se vence a guerra contra bandidos sem um aparato de segurança pública estatal minimamente íntegro e inteligente.

Quatro anos para lamentar. Se a expectativa é apenas votar num candidato de tradição conservadora aferrado a velhos costumes, Jair Bolsonaro pode ser uma opção. Mas se há esperança entre seus seguidores de que o ex-capitão do Exército vire um salvador da pátria, certamente haverá choro e ranger de dentes no pós-eleição.

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