Em meio a tanta insensatez, em que o debate cede a uma burra e improdutiva guerrilha verbal, vale saudar quando o bom senso aflora. Jorge Viana, quadro histórico do PT, que até hoje agradece à força tarefa federal que resgatou o Acre do domínio do crime organizado, tem todas as credenciais para falar o que falou.
O que está em jogo no Rio de Janeiro é muito maior do que um plano marqueteiro de Michel Temer, concebido por Moreira Franco, na expectativa de reduzir um tico em sua gigantesca impopularidade. O que está em jogo no Rio é se o Estado brasileiro é capaz ou não de resgatar a soberania, em meio a uma tempestade perfeita do crime organizado.
O enxuga gelo nas batalhas contra as quadrilhas que dão as cartas nos morros do Rio sempre pecou pela dubiedade em que uma parte da polícia guerreia de verdade e outra banda aproveita para faturar.
Jorge Viana viu esse filme no Acre. Paulo Hartung assistiu a reprise no Espírito Santo. Pelo menos desde a criação da Scuderie Le Cocq, a matriz foi o Rio de Janeiro.
Se a intervenção no Rio será boa ou não, as consequências dirão.
O fato é que, menos pelo sobe e desce de tropas em alguns morros, ela começou a incomodar. Em sintonia com a Lava Jato, está bulindo com a turma no asfalto que, infiltrada no Estado, distribui as cartas nas diversas e lucrativas operações criminosas no Rio.
Ao que tudo indica a execução da vereadora Marielle Franco é uma reação dessa turma. Pelo que o comando da intervenção no Rio sabe até agora, o crime foi planejado, com métodos sofisticados, inclusive com cobertura, sem intenção de esconder seu propósito.
Mais do que assassinar Marielle, uma guerreira do bem, o alvo é quem se propõe a xeretar seus negócios escusos, as parcerias que sustentam o rodízio de jovens nos exércitos do tráfico de drogas.
Os tiros em Marielle Franco e no motorista Anderson Pedro Gomes, além de matá-los, põem em xeque a intervenção federal. Se o crime for elucidado, pode alavancar as ações contra a banda podre na polícia do Rio que dá respaldo à bandidagem no Estado, inclusive ao assalto liderado por Sérgio Cabral, Jorge Picciani…
Mas se a investigação sobre a execução de Marielle não produzir resultados rápidos e confiáveis, a intervenção vai para o sal.
Quem participa do comando dessa guerra sabe disso e promete resultado.
A conferir.