Nas próximas semanas será definido qual o conteúdo da candidatura à Presidência da República de Jair Bolsonaro. Ele tem sido apresentado por analistas políticos como integrante de um embate “direita x esquerda”, do qual seria seu adversário o ex-presidente Lula. Agora, com a provável exclusão de Lula do pleito dizem que não haveria mais este enfrentamento, pois a esquerda teria acabado, e que isso sepultaria a candidatura de Bolsonaro.
Não partilho desta visão. Avalio que a candidatura de Bolsonaro está vinculada aos que combatem a política. Não é à toa que as forças que ocuparam a Avenida Paulista no impeachment da ex-presidente Dilma, notadamente o MBL, estão com Bolsonaro. O discurso do deputado também tem como sua marca principal o ataque às forças políticas e lideranças partidárias que comandam o país desde o fim da ditadura militar.
Este movimento contra a política é tão escaldante que o apresentador Luciano Huck surfa nestas ondas. Isso não é novo, a oposição à política tradicional é um movimento a cada dia mais eloquente na sociedade brasileira e mundial. Foi assim, em 2014, quando Marina Silva estava tirando Aécio Neves do segundo turno e sofreu violento ataque do PT. Pois este, passou a temer que Marina impediria a reeleição de Dilma Rousseff. Representam esta corrente os prefeitos eleitos, em 2016, em São Paulo, João Dória (PSDB); no Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB); e, em Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PHS).
Em 2014, o PT bombardeou Marina Silva. Em 2018, o PSDB já está bombardeando Bolsonaro e em breve pode começar a detonar Luciano Huck. Marina não apanhou por ser de direita ou uma ambientalista fanática. Ela era vista por parcela do eleitorado como sendo o novo. Aécio Neves era o velho e este seria incapaz de derrotar a petista. A campanha da Dilma foi à luta para mostrar que Marina não era a renovação. Dilma preferia enfrentar um igual.
A campanha de Alckmin está batendo em Bolsonaro, mas não por ele ser de direita ou um conservador. Coisa que Alckmin também é. Mas para demonstrar que ele não traduz o movimento da sociedade contra uma política sem corrupção. Bolsonaro não é o novo, é igual aos que estão no poder, o PMDB do presidente Michel Temer; ou que estavam no poder, o PT do ex-presidente Lula. Luciano Huck que se prepare. Ninguém, na disputa presidencial, quer saber de seu passado político. Se ele é ou foi de direita ou de esquerda? O pessoal vai atrás do que está escondido atrás do armário. Vão querer saber se ele é mesmo um rapaz direito.