Depois do Mensalão e do Petrolão, o Caixão. O mais recente capítulo do enredo de esquemas de corrupção envolvendo a Caixa Econômica Federal tem, com base nos fatos já revelados, potencial para fazer face aos maiores escândalos da história recente envolvendo os partidos no poder.
No Planalto, os nervos estão à flor da pele. Além de acertar os executivos indicados por partidos da base, como PP, PR e PRB, os últimos lances deixaram no alvo emedebistas da copa e da cozinha, como o ministro Moreira Franco, e o próprio presidente Michel Temer.
Já ficou claro que eles têm relação próxima com Roberto Derziê de Sant’Anna, por exemplo, que frequentava o Palácio e está entre os vices afastados por causa da investigação. Como se não bastasse, lá de sua cela em Curitiba – de onde, não se sabe como, ele emite notas á imprensa – o temido Eduardo Cunha deu uma resposta mal-humorada, afirmando que não foi ele que indicou vice da Caixa, mas sim o próprio Temer.
Há, portanto, motivos de sobra para preocupação no Planalto além da pura e simples desarticulação da base, enterrando de vez a reforma da Previdência.
Apesar da dramaticidade da situação, porém, os politicólogos mais experientes não acreditam estar diante de um processo que levará a um novo Mensalão ou Petrolão. Lembram que, além dos fatos em si, há outros ingredientes que concorrem para a formação desse tipo de escândalo multidimensional: a disposição das autoridades de investigação do Ministério Público e da Polícia Federal, o ímpeto da mídia e até o interesse do cidadão comum em acompanhar mais uma temporada de série policial.
Acima de tudo, está o contexto. E tudo indica que, na semana que vem, todas as atenções estarão voltadas para o julgamento do ex-presidente Lula – que, quem diria, pode acabar ajudando a salvar Michel Temer de uma execração maior.