Em política, o desespero costuma ser mau conselheiro. Nas hostes petistas, o receio de que seja mantida, em segunda instância, a condenação de Lula por corrupção, vai além do seu provável veto na corrida presidencial.
Lula lidera em todas as pesquisas eleitorais. Sua saída do páreo será um baque político e eleitoral. Mas a confirmação pelo TRF-4 da sentença do juiz Sérgio Moro terá outro custo ainda mais caro para os caciques petistas enrolados na Lava Jato.
Para uns, condenados como José Dirceu e João Vaccari, com Lula fora do jogo, sobe no telhado uma anistia que poderia beneficiá-los. Outros ainda não julgados, alvos de inquéritos e processos, como Gleisi Hoffmann e Lindbergh Farias, sabem que se Lula escapar incólume será meio caminho para também não serem punidos.
Michel Temer, Renan Calheiros, Romero Jucá, entre outros no MDB, tucanos como Aécio Neves, e estrelas petistas, inclusive o próprio Lula, mais do que preocupados com o futuro político, morrem de medo de irem para a cadeia.
Daí o empenho de todos eles em barrar a Lava Jato e outras investigações sobre corrupção. A urgência ontem foi no arraial do MDB, que montou um balcão bilionário para barrar na Câmara dos Deputados os processos contra Michel Temer.
A urgência hoje é petista. Como ali não cola o é dando que se recebe salvador de Temer, os caciques petistas resolveram ganhar no grito o julgamento de Lula em Porto Alegre. Deixaram as estribeiras de lado, e peitam abertamente a Justiça.
Dirceu prega revolta, o PT fala oficialmente em desobediência civil, o tom sobe a cada dia. De palanque em palanque, Lula rege o coro. Até quando desafina.
Caso de Gleisi Hoffmann, presidente do PT, com o inacreditável para condenar Lula “vão ter que matar alguém” ou ao desdenhar a informação do Tribunal Regional Federal-4 de ameaças que desembargadores estariam recebendo para não condenarem Lula. Diz Gleisi que isso é “mudança de foco para criar uma cortina de fumaça para fugir da questão central: não há provas para condenar Lula”.
Parecem apenas levianas, frutos de desespero.
Mesmo assim não destoam da estratégia petista de vencer no grito.
Uns fingem acreditar que os desembargadores possam amarelar, outros são mais céticos. Emídio Souza, tesoureiro nacional do PT, defende que, nos próximos dias, petistas e aliados ampliem ainda mais a pressão contra a Justiça. Mas ele mesmo tem dúvida sobre sua eficácia: “Não sei se ela ( Justiça) vai amedrontar”.
Certamente não em Curitiba e em Porto Alegre.
E nos tribunais superiores em Brasília?
A conferir.