Conforme antecipamos aqui n’OsDivergentes na sexta-feira, Michel Temer aproveitou o fim de semana para repensar seu ministério e começa a semana esboçando um recuo do recuo na decisão de enxugar a equipe e recheá-la com alguns notáveis. A pergunta que todos se fazem hoje é se vai conseguir.
Michel Temer é um conciliador, um negociador jeitoso, o oposto de Dilma no jeito de fazer política. Sabe que sua sobrevivência como presidente de transição está diretamente relacionada à capacidade de compor uma sólida maioria no Congresso. Não alimenta vãs esperanças de algum dia vir a ser popular, pois sabe que sua maior força está no establishment político que decidiu despejar Dilma do Planalto e substitui-la por ele.
Mas o vice, segundo amigos, ficou profundamente incomodado com o jogo pesado de alguns partidos e políticos neste início de temporada pré-governo. Considerou, com razão, que certos aliados ultrapassaram as barreiras do bom comportamento político – e até da educação – ao chegar com exigências, botando a faca no pescoço e ainda vazando tudo para a imprensa.
O exemplo mais gritante é o PP que vetou Raul Cutait na Saúde, mas essa postura tem sido comum. O PRB, por exemplo, também o deixou exposto ao exigir a Ciência e Tecnologia para o bispo Marcos Pereira. E o pior de tudo é que, vendo outros ganharem no grito, esse comportamento passou a ser um padrão entre os aliados.
Temer percebeu que, antes que seja tarde, vai precisar mostrar quem manda – ou, pelo menos, quem manda um pouco -, sob o risco de já assumir enfraquecido, apontado como aquele que não conseguiu reduzir ministérios e nem nomear notáveis para a equipe. Sem falar nos acusados da Lava Jato que vai ter que manter na equipe.
Por tudo isso, a semana já emocionante começa ainda mais decisiva. Vai ficar claro nos próximos dias que tipo de presidente teremos: alguém que sabe conciliar mas também mandar ou o protagonista do recuo do recuo do recuo….