Há 40 anos entrava em vigor no Brasil a norma que legalizava as separações conjugais: a Lei do Divórcio. De autoria do senador Nelson Carneiro — nascido na Bahia e eleito pelo Rio de Janeiro, do então MDB — era considerada um avanço para milhões de brasileiros e uma afronta aos costumes para alguns setores conservadores da sociedade. A lei tinha como coautor o também senador Accioly Filho, da Arena do Paraná.
O divórcio no Brasil era um anseio de quatro décadas do senador Nelson Carneiro. Chegava para substituir o desquite, artifício legal em vigor há anos e que admitia a separação dos casais com a devida divisão de bens, porém não permitia novo casamento. Mantinha, portando, a ideia de indissolubilidade do matrimônio.
Após a longa tramitação do projeto no Senado e na Câmara, houve não somente em Brasília, mas em várias cidades, centenas de manifestações contra e favor da novidade. Simpatizantes da conservadora TFP-Tradição, Família e Propriedade faziam coro com o pensamento da CNBB-Confederação Nacional dos Bispos do Brasil, representantes da Igreja Católica em protestos nas ruas e no Congresso.
O certo é que a Lei do Divórcio foi aprovada numa sessão da Câmara Federal que varou a noite do dia 23 de junho de 1977, com 226 votos a favor e 159 contra.
Com a nova lei aprovada, coube ao então presidente da República, o general Ernesto Geisel sancioná-la numa cerimônia simples. Nelson Carneiro faleceu vinte anos após ver a Lei do Divórcio em vigor. Sua filha, Laura Carneiro, foi deputada Federal pelo PMDB do Rio em vários mantados.