São tantos os filmes apocalípticos feitos em Hollywood que acaba não sendo fácil escolher um para ilustrar a sensação de se estar vivendo na eminência do fim do mundo, desde que Donald Trump assumiu a presidência dos Estados Unidos. Mas entre os mais populares, “O Dia Depois de Amanhã”, pelo título, parece perfeito para descrever o que se sucedeu, se sucede e ainda está por vir após Trump anunciar que vai mudar a embaixada americana de Tel Aviv para Jerusalém.
O enredo do filme não trata de ataques terroristas – um dos temas mais recorrentes desse gênero – mas prevê a destruição do planeta por uma enorme tempestade causada pelo aquecimento global. Portanto, não está tão fora do escopo de Trump que também já deu sua contribuição ao tema ao tirar os Estados Unidos do Acordo de Paris sobre o Clima. Mas, como o desastre climático talvez demore, Trump incansavelmente busca outras formas de contribuir com a hecatombe.
Desde que ele fez o anúncio, as tensões na região só fazem aumentar. Ontem, no “dia de fúria” dos muçulmanos contra a decisão do presidente dos EUA, os confrontos mais violentos ocorreram em cidades da Cisjordânia, após os líderes do Hamas convocarem a população para uma nova intifada – “levante”, em árabe. Agências de notícias registraram hoje que após o levante palestino, ataques aéreos coordenados por Israel já deixaram quatro pessoas mortas e mais de 300 ficaram feridas.
Ontem, na reunião do Conselho de Segurança da ONU, convocada às pressas, os americanos não conseguiram nem o apoio de seus parceiros de sempre. A comunidade internacional não reconhece Jerusalém como capital de Israel, simplesmente porque essa decisão é o cerne do acordo de paz que se tenta fechar entre israelenses e palestinos e já definhava antes do anúncio do americano.
Mas, enquanto a diplomacia mundial se esforça para conter os danos, Trump segue impávido. Continua ignorando as advertências do mundo muçulmano, assim como as que vem sendo feitas pelos seus aliados ocidentais. Desta vez, ele entrou em rota de colizão inclusive contra ele mesmo, pois afrontou 70 anos de política externa americana na região.