Para todos os partidos players da política nacional, a prioridade é a corrida pelo Palácio do Planalto. Mesmo quando entram como coadjuvantes, buscam sempre se alinhar a alguma candidatura competitiva. Afinal, está em jogo o naco de poder que caberá a cada um deles.
A exceção nesse tabuleiro sempre foi o PMDB. Por ser um aglomerado de caciques regionais, com foco nas eleições estaduais, sua principal meta tem sido eleger o maior número de deputados federais e senadores. Suas expressivas bancadas são seu passaporte para conquistar seu quinhão em todos os governos.
Mesmo com esse espaço cativo, o PMDB também sempre fez suas apostas na sucessão presidencial. De preferência, crava duplo nos candidatos que polarizam a disputa. Assim, uma banda do partido sempre sairá vitoriosa. No decorrer da gestão, em nome da tal governabilidade, todos acabam usufruindo do poder.
Nem o fato de Michel Temer, eterno presidente do PMDB, ser o atual inquilino no Palácio do Planalto muda o estilo de jogo. De acordo com suas conveniências regionais, os caciques do partido já começam a se distribuir entre várias candidaturas.
O ex-presidente José Sarney e os senadores Renan Calheiros, Jader Barbalho, Eunício Oliveira, Eduardo Braga, Edison Lobão, Roberto Requião, entre outros, já puseram um pé na canoa de Lula antes mesmo de saber se a Justiça vai deixa-la navegar.
Outra turma gostaria de manter a parceria de sempre com os tucanos. Mas as brigas internas no ninho e o receio de que a candidatura Geraldo Alckmin não alce voo está abrindo o caminho para outras alternativas.
A hipótese de que o próprio Michel Temer, beneficiado por um bom desempenho da economia, entre no páreo, não é levada muito a sério nem no grupo restrito de seus amigos. É um factoide alimentado por Moreira Franco e Eliseu Padilha, que massageia o ego do presidente, e ajuda na sobrevida de seu governo.
Essa ala do partido vai estar no campo oposto ao de Lula. Um de seus sonhos de consumo seria José Serra ingressar no PMDB e concorrer ao Planalto. “Ele tem densidade eleitoral, seria nossa melhor opção”, avalia um dirigente do partido bem identificado com o grupo palaciano.
Nem eles acreditam que o tucano José Serra tope trocar a perspectiva de voltar a governar São Paulo para se arriscar nessa empreitada com o PMDB.
Assim, Henrique Meirelles, sem nenhuma densidade eleitoral, passaria a ser uma alternativa viável. Na ótica dessa turma, ele até apresenta atrativos: 1) — Seu palanque seria a defesa das reformas econômicas, único legado de Temer; 2) Traria o respaldo de parte do grande empresariado, segmento sempre arredio ao PMDB; 3) – É um nome leve, sem problemas com a Lava Jato; 4) – Não atrapalharia a que cada cacique apoie quem mais lhe interessar na sucessão presidencial, no tradicional jogo de traição sempre que o partido lançou candidato ou deu apoio oficial a um presidenciável.
O PMDB entra no jogo sucessório como um candidato em uma prova de múltipla escolha. Sendo que, no seu caso, a opção por uma delas não anula as demais.
A conferir.