Diferentemente do que muita gente imagina, a pré-candidatura do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, à presidência não trafega em céu de brigadeiro no espaço aéreo do Planalto. Os mais próximos de Michel Temer sabem que Meirelles dificilmente será seu nome preferido para representar as forças do campo governista em 2018. Por quê? Porque Michel acha que Meirelles, ainda que lançado numa aliança PSD-PMDB, não defenderá seu governo – e ele próprio, no quesito Lava Jato – nos palanques eleitorais.
O critério básico do presidente e da cúpula do PMDB para escolher a roupa que vai vestir em 2018 é um só: ter alguém que o defenda para que ele não acabe como o saco de pancadas preferencial da temporada eleitoral. Michel tem usado, nas conversas com os mais íntimos, o exemplo do ex-presidente José Sarney, que não teve quem o defendesse e apanhou violentamente na campanha de 1989, quando foi eleito Fernando Collor.
O presidente tem dito que não será um novo Sarney, ainda que tenha que ser, ele próprio, o candidato do PMDB. Com o vasto tempo do PMDB na TV, a campanha da reeleição serviria ao menos para que Michel Temer fizesse a sua defesa. Coisa que, dizem os palacianos, dificilmente Meirelles fará se e quando subir no palanque.
O ministro da Fazenda ficou atravessado na garganta dos amigos mais chegados de Temer nos dias que se sucederam à divulgação das gravações de Joesley Batista com o presidente, quando ele teria circulado entre interlocutores do PIB e do mercado para dizer que, mesmo que o presidente da República caísse, ele continuaria no governo – mais ou menos se colocando como uma alternativa de poder. Além disso, o partido de Meirelles – e também do ministro Gilberto Kassab – não tem sido um dos aliados mais fiéis do Planalto no Congresso.
A mesma linha de raciocínio serve para afastar, por enquanto, o oferecimento de uma aliança na bandeja para os fugidios tucanos. Temer e seus amigos, cuja preocupação com o próprio destino é maior do que todas as outras, sabem que Geraldo Alckmin também não deve estar disposto a gastar seu tempo de campanha defendendo o impopularíssimo governo do PMDB. Só o faria no bojo de um acordo muito bem estruturado, em que o tempo de TV e a máquina peemedebista fossem fundamentais para sua candidatura.
Meirelles já teria sido informado da (falta de) disposição presidencial, e por isso estaria recolhendo os flaps – pelo menos até março do ano que vem, quando muitas águas terão passado por debaixo dessa ponte.