Caciques Aécio e Tasso trocam punhos de renda por luvas de boxe

Aécio Neves, Tasso Jereissati e Alberto Goldman.

Como já escrevi aqui, o muro sempre foi a melhor opção dos tucanos para evitar bolas divididas. Ali, eles se ajeitam, evitam confrontos, e de alguma forma se protegem. Talvez esteja no DNA deles.

Essa capacidade de se acomodar é um dos segredos para a longa sobrevivência do PMDB. Por mais que reneguem, os tucanos são a única cria de sucesso do PMDB — um partido em que se briga muito, mas sempre continua junto e misturado.

Os tucanos, agora, recolheram seus punhos de renda e partiram para a briga. Com previsto, seria difícil apartar os “coronéis” Aécio Neves e Tasso Jereissati.

O tom foi subindo. Até que Aécio, com o apoio da banda governista, deu uma rasteira em Tasso e o destituiu da presidência interina do PSDB. A ala oposicionista do partido virou uma arara. “O PSDB desses caras não é o meu”, cravou Tasso.

Pode se acusar Aécio de tudo, menos de ser esperto. Ele poderia passar o bastão para um dos vices que apoiam Marconi Perillo. Preferiu escalar Alberto Goldman para substituir Tasso.

Mesmo ligado a José Serra, Goldman tem voo próprio.

Há uns 20 dias, ele deu uma palestra na Casa do Saber, em São Paulo. Ali espancou os principais líderes de seu partido. Disse que a direção do PSDB, que agora vai presidir por um mês, é composta por caciques e coronéis. E citou dois deles: Aécio e Tasso.

Sobre Aécio: “Ele não é qualquer um. Teve quase 50 milhões de votos em 2014”. Depois da gravação de sua conversa com Joesley Batista, Aécio perdeu esse cacife. Nas palavras de Goldman, virou “uma figura extremamente danosa para o PSDB”.

O candidato de Goldman ao Palácio do Planalto é Geraldo Alckmin. Sem muito entusiasmo. “Ele não é uma grande figura de expressão, não é uma liderança nacional, mas é o que se tem”, justificou.

Com João Doria, Goldman protagonizou um grande bate-boca. Voou penas para todos os lados. Ele não tinha nada a perder. Doria tinha e perdeu. Virou um marco do inferno astral em que Doria mergulho e não dá o menor sinal de que vá emergir.

Mais do que essas rusgas, o clima entre os tucanos é de guerra. O partido pode implodir na convenção nacional em dezembro.

Ou não.

Mesmo que pareça improvável, se o DNA falar mais alto pode ser que, mesmo se os bicos ficarem curvos, apareça um tertius capaz de promover uma trégua no ninho.

Só dois tucanos podem desempenhar esse papel: o aposentado Fernando Henrique, que não topa, e Geraldo Alckmin, se resolver encarar essa parada indigesta.

A conferir.

 

 

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