Nanicos, go home I. Esta semana o Senado tem a oportunidade de alavancar uma mudança capaz de devolver uma dose de racionalidade às disputas eleitorais. Instituir uma cláusula de barreira em 2018 e sinalizar com o fim das coligações proporcionais em 2020 pode representar um marco na anarquia partidária brasiliana.
Nanicos, go home II. Levantamento da Folha de S. Paulo aponta que, se as regras já aprovadas na Câmara estivessem em vigor em 2014, 14 legendas nanicas perderiam o insumo essencial que move boa parte dos partidos: dinheiro do erário & tempo gratuito na TV e no rádio.
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Nanicos, go home III. Esta projeção considera o mínimo de 1,5% dos votos nacionais. Em 2030, o percentual dobra para 3%. Aliada ao fim da coligação proporcional, aquela em que o eleitor vota em Fulano Privatiza Tudo e elege Beltrano Quero Mais Estatais, pode representar um recomeço de racionalidade partidária.
Nanicos, go home IV. Depende agora do Senado. Depois, dos eleitores. Como pontuou a deputada federal Shéridan, relatora responsável pela costura política que aprovou a reforma na Câmara, “ninguém está aqui à toa, todo mundo entrou pelo voto. E a gente sofre hoje as consequências da negligência do eleitor”. Fora disto, é acreditar que o sufragista não tem nada a ver com o que ele faz dentro das cabines de votação.
Nanicos, go home V. Não concorda com a Shéridan? Que tal o Datafolha: “A maioria dos entrevistados concorda, mesmo que em parte, com a frase: `Tanto as qualidades quanto os defeitos dos políticos brasileiros são um retrato da população do país´”.
Centro volver I. O Brasil vivenciando uma quadra histórica, cúpulas partidárias derretendo, Lava-Jato com as jaulas abertas, o mito Lula ameaçado, a direita assanhada, a esquerda perplexa, um general saudosista, o erário à beira do abismo. Neste quadro, temerário levar muito a sério a última pesquisa do Datafolha, um ano antes do pleito.
Centro volver II. Mesmo assim é possível colher uma ou duas impressões. Primeira, a resiliência de Lula. Segunda, o eleitor desnorteado.
Centro volver III. O resultado aponta cenários esquizofrênicos. Deixar Temer no cargo e ao mesmo tempo afastá-lo do mandato. Prender Lula e, simultaneamente, elegê-lo presidente. Recear uma inflação que nunca esteve tão baixa.
Centro volver IV. Ao lado das idiossincrasias, porém, repousa o eleitor médio, os 48% que se enquadraram no centro. Para tanto, é preciso ler os candidatos como eles são, não como se apresentam. Basta ver como o esquerdista Lula moldou-se a ponto de agradar o mais liberal dos direitistas nos oito anos à frente do Planalto.
Centro volver V. Quem souber penetrar nesse imenso contingente pode relegar os extremos à rebarba. E forçar os radicais a abrandar suas plataformas, como soeu acontecer em pleitos anteriores. De novo, nas mãos do eleitor.
O NOME DISSO É MÚSICA: Beethoven / Georgii Cherkin.