Com medo do clássico efeito Orloff, senadores do PT entraram de cabeça na articulação para tentar derrubar a decisão do STF de suspender o mandato de Aécio Neves, com a restrição adicional de que ele não saia de casa à noite.
Em um jogo ensaiado, receberam o respaldo da Executiva Nacional do partido, presidida pela senadora Gleisi Hoffmann. “Não temos nenhuma razão para defender Aécio Neves, mas temos todo os motivos para defender a democracia e a Constituição”, justificou a nota partidária.
Na linha de frente da batalha, o PT partiu para o ataque. “Não é apoiando ilegalidades contra inimigos que vamos sair desse crise”, afirmou o senador Jorge Vianna, certo de que falava em nome de todo o partido.
Não era bem assim.
Protestos de militantes, alguns com grande repercussão interna, pipocaram de todos os lados.
Um deles foi de Tarso Genro. Ele lidera uma corrente petista que, há tempos, combate a máquina partidária, responsável maior por históricas bandalheiras — sempre alinhada a Lula e a José Dirceu.
— Não quero bancar o desavisado, mas ainda não acredito que o PT vai votar pela rejeição da suspensão do Aécio.
Ex-ministro da Justiça, Tarso Genro complementou o recado indo ao cerne da questão: “O senador foi gravado no curso de atividade criminosa. E pode usar o mandato para bloquear a apuração”.
Assustou ainda mais a senadores e a cúpula petista a reação de onde eles não esperavam. Por exemplo, o ator José de Abreu. Ele que sempre pôs a cara a tapa para brigar por José Dirceu, Lula, Dilma e etc, parece ter pedido a paciência.
Como os engajados nessa medíocre guerra entre coxinhas e mortadelas, sentiu-se traído. Esbravejou. Em um dos seus posts, escreveu: “Bye, bye, PT”.
Os senadores e a direção do PT perderam o chão. Meses depois de ter participado da rede de proteção a Aécio Neves, o PT agora pede sua punição. Até por ser matéria vencida no Conselho de Ética do Senado, uma emenda bem pior que o soneto.
Quem acendeu a luz nesse túnel petista foi a ministra Cármen Lúcia. Nesse imbróglio entre poderes, ela chamou a responsabilidade e pautou para o dia 11 de outubro uma decisão do tribunal sobre regras para suspender mandatos e outras punições a parlamentares.
Alguns líderes no Senado ainda resistem. Insistem em dar um troco no STF para barrar a decisão sobre Aécio e eventuais futuras punições. Querem se impor como se isso corrigisse possíveis omissões passadas na prisão de Delcídio do Amaral e no outro afastamento de Aécio Neves.
Nem todos querem se expor. Pensa-se até em tornar a votação secreta.Tem cara de blefe.
Pois bem. Se ocorrer mesmo, e for aberta, nominal, alguém aí aposta que, depois de tantas censuras internas, o PT vai votar a favor de Aécio Neves?
A conferir.