O general Olímpio Mourão Filho, que se definiu como vaca fardada, foi quem desencadeou o golpe militar em 1964. Uma tragédia. Exatos 53 anos depois, outro general Mourão, o Antônio Hamilton, participou de um evento maçom. Não era uma atividade militar, mesmo assim foi fardado.
Lá, ao falar da corrupção generalizada, ele disse: “Ou as instituições solucionam o problema político, pela ação do Judiciário, retirando da vida pública esses elementos envolvidos em todos os ilícitos, ou então nós teremos de impor isso”.
“Impor isso” é a tal intervenção militar que grupelhos de direita costumam pregar ao pegar carona em manifestações alheias. Eles têm aparecido em protestos democráticos, como a grandes mobilizações em favor do impeachment de Dilma Rousseff. Ou em paradas militares, como as comemorações do Dia da Independência.
Sua face mais visível hoje é na campanha presidencial de Jair Bolsonaro.
Pois bem. O general Mourão de agora, que é Secretário de Economia e Finanças do Exército, deu um recado das tropas ou apenas fez uma bravata?
Seus chefes apostam na segunda hipótese: há seis meses de ir para a reserva, depois de ser punido no começo de 2016 por protestos contra o governo Dilma e a permissão para uma homenagem ao coronel torturador Brilhante Ustra, Antonio Mourão prepara uma saída com algum estilo.
Afinal, como os civis, os militares também estão indignados com os negócios sujos entre as elites políticas, econômicas e corporativas.
Na avaliação de seus chefes, ao avançar o sinal, com clara ameaça à democracia, Mourão não tem apoio interno entre os militares. É uma voz isolada.
Mesmo que tenha sido apenas um blefe, não há como fingir que ele não cometeu uma falta grave. Seus chefes têm consciência disso. Nessa quarta-feira (19), o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, que está em tratamento médico em São Paulo, volta a Brasília para decidir, em reunião com o ministro da Defesa, Raul Jungmann, qual será a punição.
A conferir.