Janot abriu o flanco para jogarem a Lava Jato em um buraco negro?

Rodrigo Janot
O ex-PGR Rodrigo Janot - Foto Orlando Brito

Na reta final de seu segundo mandato como procurador-geral da República, Rodrigo Janot queria pelo menos fechar sua agenda de denúncias, arrumar as gavetas e sair de cabeça erguida.

Chegou até a sonhar com um grand finale: apresentar nova e consistente acusação a Michel Temer e uma bem fundamentada denúncia contra Lula, Dilma, Palloci, Mantega, Paulo Bernardo, Gleisi e Vaccari por terem feito do PT uma organização criminosa.

Assim, marcaria sua gestão como implacável com a corrupção política, sem escolher lado. Nem alvo. Quem caiu na rede merecia ser fisgado.

Os donos da Friboi cruzaram seu caminho e destino. Eles realmente lhe levaram indícios, gravações e narrativas de crimes em execução de autoridades como Michel Temer e Aécio Neves.

Pelo que revelam os novos áudios entre Joesley Batista e Ricardo Saud, esses aventureiros, cujo sucesso é ainda uma história mal explicada, aprontavam também para pôr o Supremo Tribunal Federal na roda.

Fizeram mais. Colocaram Janot na berlinda, inclusive entre colegas que até então o defendiam. Até aonde foi sua relação com o ex-procurador Marcelo Miller continua uma bola dividida. A questão, agora, é o tamanho do estrago de tudo isso para o Ministério Público.

Gilmar Mendes
Ministro do STF,Gilmar Mendes

O que estava encaminhado para ser apenas uma saída tensa ganhou maiores proporções. Gilmar Mendes, que estava nas cordas, um problema para seus próprios colegas no STF, está se sentindo agora à vontade para desferir todo e qualquer tipo de golpe contra Rodrigo Janot.

Até aí seria assimilável para os procuradores. O que os preocupa nos ataques de Gilmar é sua sintonia com o Congresso e o Palácio do Planalto com o propósito de “cortar as asinhas” do Ministério Público e da Operação Lava Jato.

É aí que o bicho pega.

As caixas pretas e as malas de dinheiro, cada vez mais recheadas, também são obstáculos a esse jogo oportunista a favor da impunidade.

Na mesa, cartas a favor e contra. Deveriam ser diferenciadas. Quem foi flagrado em todo e qualquer esquema de corrupção quer misturá-las.

Esse é o jogo real.

A dúvida é quem vence. Os malandros de sempre continuam favoritos.

A conferir.

 

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