O presidente Michel Temer obteve seis votos além dos 257 necessários para maioria absoluta na Câmara, o que lhe assegura condições de sobrevivência no dia-a-dia legislativo, mas está longe do quórum necessário para aprovação de reformas como a da Previdência. Nada menos do que 45 votos o separam dos 308 exigidos para aprovação de propostas de emenda constitucional.
Ainda que, com muito boa vontade, contarmos com parte dos tucanos que votaram contra o presidente nesta quarta mas são favoráveis às reformas, dificilmente chegaremos lá. Isso quer dizer que a reforma da Previdência virou mesmo uma miragem, a não ser que seja desidratada. É possível que, dela, sobre apenas a idade mínima para aposentadoria, ainda assim com aprovação incerta.
Temer governará também com uma nova correlação de forças políticas. Sai o PSDB como principal fiador de seu governo – ainda que permaneça em parte na Esplanada – e entra o Centrão. A tendência é que esse grupo, criado pelo ex-deputado e hoje presidiário Eduardo Cunha, avance sobrenos espaços tucanos no governo, seja qual for a decisão do partido em relação ao desembarque. Decisão, aliás, que pode representar a cisão final do partido, que ficou nitida na votação desta quarta, quando a bancada aecista de Minas Gerais votou com Temer e os paulistas de Geraldo Alckmin e Fernando Henrique ficaram a favor de seu afastamento.