Pela primeira vez desde a votação da admissibilidade do impeachment, a bancada do PMDB na Câmara se reúne hoje (3) pela manhã. Depois de meses de embate interno, no dia D, com raras exceções, o partido votou em peso a favor do processo contra a presidente Dilma Rousseff. Uma das exceções foi justamente o deputado Leonardo Picciani, líder do partido.
Não há pauta definida. A expectativa é de que se discuta as indicações do partido para a direção das comissões técnicas. A ala que sempre defendeu o impeachment está de olho em Picciani. Diz que não vai aceitar se ele tentar se credenciar como o interlocutor da bancada nas negociações para montar o novo governo. Eles têm canal direto com o Palácio Jaburu. E ainda o trunfo de que o articulador político do futuro governo, Geddel Vieira Lima, é irmão de um dos principais líderes do movimento, o deputado Lúcio Vieira Lima.
De acordo com destacados integrantes desse grupo, o PMDB do Rio de Janeiro, do qual faz parte Picciani, já assegurou seu naco no futuro governo: o Ministério dos Esportes, tido como essencial para as administrações do PMDB no Rio por causa das Olimpíadas. Até o final de semana, era dada como provável a escolha do deputado Marco Antônio Cabral, filho do ex-governador Sérgio Cabral, e Secretário de Esporte, Lazer e Juventude do Estado do Rio de Janeiro. Mas, no núcleo duro de do futuro governo Michel Temer, confirma-se que o cargo será apadrinhado pelo PMDB no Rio, mas não é certo que o filho de Sérgio Cabral seja o escolhido.
O grupo pró-impeachment que até, em momentos que o próprio Michel Temer teve dúvidas, esticou a corda no partido contra Dilma, está na expectativa de participar do governo. Seu principal candidato é o deputado gaúcho Osmar Terra para o Ministério da Saúde. Terra tem tradição no setor. Foi Secretário da Saúde no Rio Grande do Sul e preside a combativa Frente Parlamentar da Saúde.