Os levantamentos do fim de semana mostraram que não chega a 50 o número de deputados que assumem que vão votar favoravelmente a Michel Temer no plenário da Câmara. Por outro lado, as enquetes também mostram faltar cerca de 200 votos declarados para chegar aos 342 necessários para acolher a denúncia do PGR e afastar o presidente. Ou seja, ninguém está abrindo o jogo, de onde se deduz que a parada não está decidida e que vai depender do grau de pressão a que os deputados serão submetidos – pelo Planalto e pela opinião pública.
Quase tão importante quanto a capacidade do Planalto de premiar sua base para garantir a fidelidade, que hoje pode ser traduzida em 172 ausências, será o grau de exposição pública a que os deputados, candidatos em 2018, estarão submetidos. Por isso, a grande briga da semana será travada em torno do rito de votação da denúncia.
Embora a oposição defenda que o processo tenha na Câmara o mesmo tratamento do impeachment de Dilma Rousseff – votado num domingo televisado, com os nomes chamados um a um ao microfone – a cúpula governista da Casa prepara-se para fazer o contrário.
O voto não pode deixar de ser aberto, mas já existem pareceres da área técnica das lideranças governistas segundo os quais eles podem ser tomados pelo painel eletrônico, ou seja, seriam registrados publicamente, mas sem a exposição de cada deputado individualmente no microfone. Sem espetáculo, muitos poderiam se encorajar a votar contra a denúncia e ainda alimentar esperanças de se reeleger no ano que vem.
Da mesma forma, não está escrito no regimento ou em qualquer outra norma legal que essa votação terá que ocorrer numa tarde de domingo. E o plano dos governistas é jogá-la para uma noite ou madrugada de um dia de semana, por exemplo.
Tudo vai depender agora da pressão da mídia e das ruas, que continuam quietas.