Rodrigo Janot tem exatos três meses à frente da Procuradoria Geral da República, e a esta altura do campeonato a maior preocupação do sujeito é com seu lugar na história. Evidentemente, quer passar como o procurador que não teve medo de denunciar o presidente da República e seu grupo político por corrupção. Mas também não haverá de querer a pecha de ter sido tendencioso ou parcial, acusado de tratar desigualmente os diversos nomes que aparecerem na versão brasiliense da Lava Jato.
Por isso, segundo gente que acompanha o tema, o gran finale de Rodrigo Janot na função deve incluir uma saraivada de denúncias, e não só contra Temer, que será alvo de mais de uma. O procurador deve apresentar também nos próximos dias a denúncia contra o chamado quadrilhão, que pega os principais nomes de PMDB, PT e PP.
Nos inquéritos que fazem parte do quadrilhão, estão sendo investigados, entre outros, os senadores Renan Calheiros e Romero Jucá, o ex-presidente Lula, os ex-ministros Antonio Palocci e Henrique Alves, o ex-deputado Eduardo Cunha, além de próceres do PP, por acusações relacionadas à montagem de um esquema de corrupção organizada nas diretorias da Petrobras. Essa é a investigação-mãe do Petrolāo no STF, iniciada bem antes do inquérito aberto contra Michel Temer em função da delação da JBS.
No entendimento de alguns investigadores, Janot só fechará o cerco se deixar o pacote completo nas denúncias ao STF, apresentando à Corte uma história com começo, meio e fim, relacionando Michel Temer e o suposto esquema que o cerca ao PMDB e ao quadrilhão.
É quase certo, inclusive, que o procurador apresentará, até setembro, outras denúncias contra Temer, já que as investigações se ramificam. Além do caso da mala de dinheiro puxada pelo ex-deputado Rocha Loures, há ainda apurações ligadas ao Porto de Santos e a pessoas próximas do presidente, como o coronel João Batista Lima.
O que o STF vai fazer com essas denúncias é outra história. As de Temer terão que ser submetidas à Câmara dos Deputados, onde poderão ser sustadas pelo voto de 172 deputados. Número, aliás, que poderá ser obtido com maior facilidade se o caso vier mesmo misturado ao quadrilhão. Formalmente, essa denúncia não tem que passar pelos deputados e senadores, mas a solidariedade brota com mais facilidade dos corações quando se enfrentam os mesmos problemas…