Quando ministros, como Henrique Meirelles, dizem que a política econômica e as reformas continuam, independentemente do que aconteça, eles podem até estar acalmando os mercados. Mas estão enfraquecendo Michel Temer. De certa forma, também é o que faz Moreira Franco, quando nega de pés juntos a renúncia de Temer mas fala sobre o quadro de uma eleição indireta pelo Congresso, que segundo ele tenderia a eleger um deputado. Também o discurso dos aliados no Legislativo, na vã tentativa de votar a agenda do Planalto, trata da estabilidade da economia e passa longe de Michel Temer.
Temos ouvido tudo nessa Babel em que se transformou o cenário político, menos alguma defesa do presidente da República por parte de sua até ontem fortíssima base política. Não há declaração de ninguém, nem uma frasezinha sequer, para dizer que Temer é inocente, que não fez o que dizem que fez, etc. Os aliados batem na JBS, reduzem a pó os irmãos Batista, mas passam batido na questão da responsabilidade temerista.
Claramente isolado enquanto seus aliados e ministros parecem articular um governo Temer sem Temer, o presidente resolve dar pessoalmente entrevistas em sua defesa. Um desastre, que o torna ainda mais isolado.
Cada crise política tem suas características, mas as quedas de presidentes da República costumam ser muito parecidas, precedidas de alguns sinais inequívocos. O comportamento de quem está perto é o principal deles.