O Supremo Tribunal Federal mandou esta semana o aviso final ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha: ou ele se afasta da função ou será afastado. O STF, que até poucos dias atrás mostrava-se desconfortável com a ideia de derrubar o chefe de um outro poder, já superou esses escrúpulos. A maioria de seus ministros está convencida de que agora tem argumentos fortes para o afastamento, e que o “conjunto da obra”, que vem ficando cada vez mais completo, o justifica.
Nos últimos dias, os próprios ministros do STF vem mandando avisos ao navegante. Primeiro, Gilmar Mendes, ao admitir que, de fato, pode-se questionar a presença de um réu na linha sucessória da presidência da República. Depois, Teori Zavascki, que ontem prometeu levar ao plenário a ação da PGR pedindo o afastamento de Cunha – engavetada desde dezembro do ano passado.
O presidente da Câmara, que se fortaleceu internamente com a aprovação do impeachment, até agora não piscou. Mas é evidente que está ganhando uma chance de resolver as coisas antes da decisão do STF. Por exemplo, negociando sua renúncia do comando da Casa em troca do mandato que lhe garante foro privilegiado.
Ao fim e ao cabo, essa solução preservaria o dogma da harmonia entre os poderes e seria mais confortável para todos.