O malabarismo verbal dos principais atores políticos na tentativa de se manterem à tona diante do vendaval da Lava Jato é um enredo à parte.
Primeiro, criaram a narrativa de que investigadores e juízes estão “criminalizando a política”. Na versão deles, o fato de terem, no mínimo, praticado atos ilegais, mas corriqueiros, deveria, como sempre, continuar impune.
Ao receberem dinheiro sujo, seja como financiamento de campanha e/ou propina, é que criminalizou a política. Como toda a prática ilegal, tem que ser investigada. Polícia, procuradores e juízes não estão fazendo nada mais que sua obrigação.
Antes, quando a Justiça fazia vista grossa para as maracutaias dos poderosos, é que não cumpria seu papel constitucional. Assim, por muito tempo, ela foi o elo final na corrente da impunidade.
Portanto, quem criminalizou a política foram os políticos. Lula, Dilma, Aécio, Renan, Dilma, Sarney, Jucá, Lobão, Eduardo Cunha, Sérgio Cabral, Palocci, José Dirceu, Eliseu Padilha, Moreira Franco, Gleisi, Fernando Pimentel, Collor, entre muitos outros, entraram na roda, não por ação premeditada dos investigadores, mas por suspeitas fundadas de terem cometido malfeitos.
Segundo, como represália, Renan, Requião e Lobão à frente — caciques do PMDB, PSDB e PT por trás — resolveram “criminalizar a Justiça “. Tentam de todas as maneiras aprovar alguma brecha na tal Lei da Abuso da Autoridade para que alvos da Justiça, com poder, dinheiro e bons advogados, possam constranger quem ousar investigá-los e julgá-los.
Terceiro, não satisfeitos, querem agora “politizar a Justiça”. É o que Lula tem feito dia sim, no outro também. Já réu e com uma penca de investigações pesadas contra ele, Lula tenta transformar tudo em uma disputa política entre ele e o que chama de República de Curitiba.
Como bem registrou Helena Chagas, Lula tenta puxar o juiz Sérgio Moro para uma briga no campo político. Com isso, quer carimbar condenações que, pelo até aqui divulgado, são consideradas praticamente certas, como perseguição política.
Lula quer ser protagonista de uma papel em que sempre se saiu bem, o de vítima.
Será que dessa vez também vai dar certo?
Se tiver sucesso, pode beneficiar também Renan, Aécio e toda a turma enrascada.
A conferir.