Assim é se lhe parece. Uma passeada pelos sites dos partidos, na noite desse domingo (23), é bem reveladora de como eles buscam se esconder do tsunami da Lava Jato.
Em suas páginas oficiais, o vendaval das delações premiadas da Odebrechet e da OAS, que tanto repercutem país afora, ali são tratadas, quando o são, por enfoques bem peculiares, com defesas pontuais de alguns de seus acusados.
No site oficial do PSDB, por exemplo, simplesmente nenhum registro. Há uma homenagem ao ex-presidente Tancredo Neves e notícias variadas sobre a atuação parlamentar dos tucanos.
Os tucanos ignoram tanto o cerco da Lava Jato a Lula quanto os depoimentos dos executivos da Odebrecht em que relatam ter pagos propinas aos principais caciques políticos do partido, como Aécio Neves e José Serra.
O PMDB, igualmente alvejado, destaca em seu site ações do governo Michel Temer, a reforma da Previdência, a atuação de seus parlamentares e o lançamento pelo partido de seu primeiro núcleo indígena em Roraima. Sobre a Lava Jato, nenhum pio.
Nem parece que o presidente do partido, Romero Jucá, é o recordista de novos inquéritos abertos pelo ministro Edison Fachin, e caciques como os senadores Renan Calheiros, Edison Lobão, Eunício Oliveira, Valdir Raupp também estão enroscados.
O DEM é um partido que sempre fez barulho das denúncias contra Lula e o PT. Não há nenhuma linha no site sobre o bombástico depoimento do empreiteiro Léo Pinheiro afirmando que o tal tríplex era mesmo de Lula e que o ex-presidente pediu para que fossem destruídas provas do esquema de pagamento pela OAS de propina ao PT.
Esse silêncio dos democratas talvez se deva ao fato de a principal estrela do partido, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ter sido acusado pela Odebrecht de também ter recebido propina.
O PT abre seu site para a estratégia que a defesa de Lula vem adotando em várias frentes. Sua manchete: Veja a cronologia da pressão para Léo Pinheiro mudar depoimento e incriminar Lula em troca de acordo de delação.
O esforço é para desqualificar as contundentes afirmações do ex-presidente da OAS ao depor para o juiz Sérgio Moro. Como tem repetido em todas as frentes, a defesa de Lula insiste que tudo não passou de uma encenação. É um tentativa de municiar a militância diante da avalanche de denúncias contra Lula.
Na página oficial do PC do B, apenas a nota divulgada dia 11 de abril, quando tornou-se pública a lista de Edison Fachin, em que reafirma a confiança nos parlamentares do partido alvos de investigação. Sobre as delações da Odebrecht, nenhum registro.
No site do PDT há uma nota da Executiva Nacional em defesa de Leonel Brizola, cujo governo no Rio de Janeiro foi citado por um dos delatores como tendo recebido propina quando da construção do Sambódromo, em 1984. O partido contesta a acusação que considera, no mínimo, um desrespeito, por não ter apresentado nenhuma prova.
Já a Rede tem dois destaques na página principal do site. Um deles é uma manifestação de apoio a Lava Jato. O outro, em um depoimento da própria Marina Silva, registra que a Odebrecht confirma que na campanha presidencial de Marina não teve propina e nem Caixa 2.